sexta-feira, 22 de agosto de 2008

| O Fruto da Vida Crucificada | Por Gordon Watt

O Fruto da Vida Crucificada Por Gordon Watt

“Do resplendor da glória,
Disse-lhes: Ide;
Curai enfermos e purificai leprosos ,
Ressuscitai mortos.
Livremente vos concedo o tesouro,
Não vos provereis de ouro nem de prata,
Levem meu Nome'”.
O alvo de nosso Senhor para cada um de Seus discípulos é uma vida frutífera: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto, e assim vos tornareis meus discípulos” (João 15:8).
Paulo nos dá o segredo de tal experiência nestas palavras aos Gálatas: “Estou crucificado com Cristo: não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em mim”.
O que produz fruto? Na natureza é a vida da árvore fluindo dentro de cada ramo ou graveto. No caráter Cristão, qual é sua fonte? “Sem Mim nada podeis fazer”. Uma das grandes necessidades na vida Cristã é compreender que isto é literalmente verdadeiro. O fruto na esfera do discipulado Cristão não vem através do desenvolvimento físico ou natural. Tampouco é o resultado de energia corporal, poderes mentais, ou atração pessoal. O Dr. Andrew Murray escreveu, “Ninguém sabe o que é fruto até que aprenda a morrer para tudo o que é meramente humano”. Esta é uma grande declaração, corta bem na raiz de todo nosso trabalho e orgulho em nossa obra. Quão difícil é morrer para a dependência de nossos próprios intelectos, ou para o orgulho em nossas habilidades, ou para nossa reputação, ou para nosso desejo natural pelo sucesso, ou para nossos próprios planos! Mas o fruto vem quando estamos dispostos a que tudo isso vá para a Cruz, enquanto Cristo se torna tudo e dependemos inteiramente do Espírito Santo a cada palavra que falamos, cada obra que fazemos, e cada rumo que tomamos na vida.
Um governante oficial na Índia, que estava envolvido na obra de irrigação, veio até o proprietário de um campo e disse a ele que o tornaria frutífero. Então o proprietário respondeu, “Você não precisa tentar fazer alguma coisa com o meu campo; ele é árido e não produz nada”. O oficial replicou, “Posso fazer seu campo tornar-se ricamente frutífero se ele somente for baixo o suficiente”. Se você e eu estivermos dispostos a descer, descer, descer, Cristo nos encherá com aquilo que trará fruto. A fonte do fruto na vida do crente não é ele mesmo, mas Cristo, e a condução para o ponto onde é possível frutificar para Deus, Paulo afirma alguns grandes fatos. O primeiro é, “Eu estou crucificado com Cristo”. O “eu” representa a vida do ego, e deve ser tratado para que o fruto para Deus seja formado. Não podemos vincular a vida Cristã com a natureza Adâmica, isto é claramente afirmado pelo apóstolo, “Pois sabemos isto, que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo” (Romanos 6:6). Deste fato Paulo nos dá a confirmação em sua própria experiência, “Estou crucificado com Cristo”. Não enxergamos o que é preciso ser feito? A Cruz de Cristo se tornar a nossa cruz. Através da Cruz compartilhamos com Cristo a morte para tudo aquilo em nós que se opõe a Deus, a Sua vontade, ao Seu propósito e Seu poder, tudo em nós que mostra a mancha do pecado e traz em si a marca da Queda.
Não somente a má natureza humana deve ser tratada, mas também a boa natureza humana, que tanto considera seus próprios méritos e roubaria o lugar que Cristo deve ter em nossos atos e pensamentos. Sempre que consinto em compartilhar a Cruz de Cristo e permito que seu significado seja trabalhado em mim, tanto em relação ao bem quanto ao mau em minha natureza humana, o caminho se abre para que a vida de Cristo flua. Pois, ao tomarmos e mantermos a atitude de morte para cada imposição de nossa vida própria e ataque do Satanás, concedemos ao Espírito Santo a oportunidade de trazer em nós a vida de Cristo, nos libertando da lei do pecado e da morte. Cristo e eu estamos co-crucificados. Porém essa co-crucificação não é a meta da vida que produz fruto. É o ponto de partida, o ponto focal da experiência Cristã, e assim que chegamos lá vemos todas as outras verdades de Deus repousando em seus lugares certos em perfeita harmonia.
E então? “Eu vivo”. Este é o interessante paradoxo estabelecido por Paulo: “Estou crucificado... contudo vivo eu”. A co-crucificação com Cristo não gera uma máquina religiosa. Eu vivo. Um novo ‘eu', avivado pelo Espírito Santo, ressuscitado com Cristo, assentado com Ele nas regiões celestiais; como Ellicott coloca em seu comentário, “O fato é que vivo num sentido mais verdadeiro do que nunca”. Vivo mais intensamente porque morri com Cristo e as raízes de minha nova vida estão na Cruz, em contraste com a vida velha cujas raízes estão na natureza Adâmica.
E então? Um segundo paradoxo nos é dado pelo apóstolo. “Vivo, não mais eu”. Isto também é verdadeiro. A nascente e o centro da minha vida, sua fonte, seu poder sobre a velha natureza, sua força para o culto diário não estão em mim, “Estou crucificado com Cristo, não sou mais eu que vivo”. Qual é o centro, e a fonte? “Cristo vive em mim”. Eis o segredo de se adentrar na magnificência da salvação de Cristo, e se alguma vez cedermos à tentação de limitar o lugar de Cristo em nossas vidas, limitaremos nossa experiência da Sua graça redentora. Mas se Cristo está em mim e dou a Ele o Senhorio sobre meu ser, obedecendo-O tanto nas pequenas como nas grandes coisas, que vida é possível. Assim haverá poder para ser o que Deus deseja e precisa que sejamos. Existirá poder para que vivamos no mais alto e alcancemos o melhor na prática da vida diária.
Deus nunca fala conosco da forma como os homens falam uns com os outros. Deus nunca nos diz para sermos os arquitetos de nossas próprias vidas. O que Ele faz é nos mostrar Seu ideal e declarar que a tarefa permanente do crente, estabelecida na Palavra de Deus, é conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus , tornando cada verdade das Escrituras um fato compreendido e experimental. Oh, quão desprovida de poder é muito da nossa vida Cristã! Quão obtusas são as nossas imaginações sobre aquilo que Deus quer que sejamos! Que fraqueza de fé nos impede de reunirmos poderosas forças espirituais que podem nos ajudar a nos agarrarmos às riquezas e tesouros que existem em Cristo Jesus. Se ao menos acreditássemos que eles são possíveis para nós! Há um poder aqui para alcançar este ideal, para ganhar tais coisas, para viver gloriosamente para Deus, e esse poder é “Cristo vive em mim”. E aquilo que Cristo requer de nós Ele primeiramente providencia, pois um dos maiores axiomas da vida Cristã é tornar real em nós aquilo que já é verdadeiro para nós em Cristo. O segredo desta nova vida e a sua fonte é a Cruz. Cristo e a Cruz são inseparáveis. Somente na medida em que nos rendemos ao Espírito Santo para executar em nós a obra da Cruz é que Cristo julga possível tornar isto real. “Cristo vive em mim”, e sem a Cruz isto nunca pode ser verdadeiro.
Qual é então o resultado disso? “A vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus”, ou, como Conybeare coloca, “Minha vida exterior que ainda permanece, eu vivo pela fé do Filho de Deus”. Sejamos claros sobre essa questão. É o fruto de uma vida crucificada que Deus está procurando, não o fruto de uma vida natural, pois esta não pode produzir fruto para Deus. Não vamos confundir aquele fruto com bondade humana. Qualquer um, qualquer pagão, bárbaro ou homem do mundo pode viver uma bela vida natural na qual não precisa de Cristo e na qual ele não concede lugar algum para Cristo. Deus está procurando por algo muito diferente disto. Ele busca o fruto que permanece, fruto de caráter que testifica o poder de Seu Filho, fruto através do qual Ele possa alimentar as nações. Somente uma vida crucificada é capaz de produzi-lo. Ouçamos Paulo, “Estou crucificado com Cristo; não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em mim”, esta é a triunfante asserção de um homem que foi até o lugar da morte com Cristo e ressuscitou. Vida ressurreta, o resultado da crucificação, é uma vida que por si só pode dar frutos para Deus.
Lembre-se, somente enquanto estamos em cooperação com Ele podemos dar frutos de uma vida crucificada. No momento em que virmos para a Cruz, tomando a atitude de nos dispormos para que o Espírito Santo opere em nós o propósito da morte de Cristo, tocamos o ponto de contato e tornamos possível a Ele entrar em uma aliança conosco, para que a verdadeira vida do crente, que é a vida de Cristo nele, esteja sempre renascendo da morte.
Do livro “The Cross in Faith and Conduct” (A Cruz na Fé e Conduta).

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