sexta-feira, 22 de agosto de 2008

| Olhe para Cima | Pelo Bispo H.C.G. Moule

Olhe para Cima Pelo Bispo H.C.G. Moule

“Elevo meus olhos para os montes: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra”. (Salmos 121:1-2).
Qual era o pensamento do salmista Hebreu quando cantou, “elevo meus olhos para os montes?”. Os montes, que montes ele tinha em vista? Ele provavelmente referiu-se a maioria das montanhas sobre as quais encontra-se Jerusalém. Aqueles que têm visto Jerusalém, como eu tenho sido privilegiado de ver, percebem que ela é realmente uma cidade montanha. Vista do oeste e do leste ela está elevada nas alturas sobre os montes. Uma das mais profundas descidas no mundo, das regiões altas para o vale, é aquela de Jerusalém para o Mar Morto. Aquela decida foi a mais freqüentada estrada para as peregrinações rumo a Jerusalém. Uma subida não tão íngreme mas, ainda considerável, está colocada a oeste. Peregrinos que chegam da costa do mar, e sobem daí para Jerusalém, naturalmente elevam seus olhos para a longa cadeia de montanhas da Judéia, com o pensamento, “Lá situa-se a cidade santa”. O topo do monte das Oliveiras, se eleva um pouco além da cidade, mas faz parte essencial do amontoado no qual ela está colocada, é um dos mais grandiosos pontos de observação em todo o país. Estando lá você percebe como, a cada quarteirão, em uma ou outra posição, Jerusalém seria lembrada como a coroa montanhosa da terra do Senhor.
Então o Salmista, em seu senso de necessidade, olha mentalmente, se não com os seus olhos naturais, “em direção às montanhas”. Pois lá estava estabelecido o santuário do Senhor, o altar do Senhor, o trono do Senhor, o palácio do Senhor. Existia Sião, o monte da Cidade. Existia Moriá, o monte do Templo. Lá, visivelmente e solidamente sobre a terra, estava manifestado o maravilhoso espetáculo de memórias e misericórdias, o externo e visível sinal de todos os livramentos passados do Senhor, e uma garantia de todas Suas misericórdias futuras. A cidade sobre seus montes foi, por assim dizer, como um grande sacramento metropolitano da fidelidade do amor de Deus.
Dificilmente podemos imaginar até que ponto isto era verdade para o crente Judeu, especialmente nos dias após o cativeiro. Na realidade aquela maravilhosa Cidade e o Templo eram para ele algo apenas sacramental. Ele sabia que eles foram colocados lá não somente pela evolução da história humana, mas pelo desejo especial de Deus. Ele sabia que depois dos dias do exílio sob a expressa providência de Deus, em cumprimento a Sua própria Palavra, Israel tinha sido enviada de volta pelo rei Persa com o propósito de reconstruir o templo de Jeová como o ponto central da fé e adoração de Israel. Então quando ele olhou para as montanhas, para a cidade e o templo com seus pátios e altares, isto era para ele apenas a garantia edificada sobre a terra de que o Senhor no céu era verdadeiro e que Ele era fiel para com Sua promessa.
Assim então ele eleva seus olhos. E agora ele vai em frente para fazer sua pergunta, “De onde vem o meu socorro?”. Como o pensamento e a fé os fixam sobre estas montanhas ele volta por um momento para perguntar que outras direções eles poderiam tomar, que meio de socorro há em outra parte? Devo me voltar para o poder do mundo. Caldeu, Persa, Grego? Devo clamar aos deuses de suas adorações, os senhores dos seus céus? Não; o Deus de Sião, o Deus do monte Moriá, o Senhor da promessa do Pacto, Ele deve ser meu único recurso, minha paz e poder secretos. Então levantando bem sobre as montanhas para Aquele que elas representam, ele responde sua própria pergunta, “Meu socorro deve vir, sempre e onde quer que for necessário, do Senhor, o Criador do céu e da terra. E deve vir do fiel Criador, O qual, tendo edificado e ordenado Sua criação, agora maneja toda ela como o veículo da Sua vontade, como o executar da Sua benção, para o desamparado que se entrega aos Seus cuidados”.
Aqui, mais uma vez temos uma mensagem poderosa. Ler na luz solar do Evangelho fala direto ao coração do Cristão. O Cristão, membro de Cristo, toma este Salmo da velha Israel, e o reivindica para si mesmo. Você tem toda razão de fazer assim. Você é “na verdade um israelita”, se você pertence a Cristo, ao Messias. E você pertence a Ele se você lançou suas necessidades aos Seus pés. Nele, os Salmos são tudo para nós. Olhe para nosso verso, então, com sua certeza agora de “socorro”. Também estamos em urgente necessidade do socorro que o Salmista fala aqui. A palavra Hebraica interpretada como “socorro”, “ ezer”, expressamente significa uma ajuda que não é um mero resgate, nem mera proteção, mas é o dom de força. A palavra está relacionada aos pensamentos de cingir, firmar e tornar forte. De fato precisamos de proteção. Estamos em terrível necessidade, se nos encontramos fora de Cristo, do livramento de debaixo da iminente nuvem trovejante da culpa do pecado e da ira de Deus. Precisamos de tudo o que é gracioso, terno e protetor. Sim, mas precisamos mais. Precisamos viver, andar, testemunhar; temos que fazer e servir, se pertencemos ao nosso Rei. E assim precisamos de “socorro” na forma de força, um cingir da alma, uma capacitação da vontade. E para tudo isso também, devemos estar alertas e olhar para cima. Nunca devemos produzir tal “ajuda” de dentro de nós mesmo, nem devemos jamais o invocar das circunstâncias. Ele vem de cima; devemos elevar nossos olhos para os montes; o que precisamos deve vir em misericórdia do alto; sim, exclusivamente e completamente do Senhor, que fez o céu e a terra.
Estamos conscientes de tais necessidades? Então olhemos para algumas das gloriosas “montanhas”, que são símbolos e sinais da fidelidade do Senhor e da Sua presença. Olhemos primeiro para o literal, as montanhas geográficas. Recordemos daqueles montes da Judéia, com a Cidade que ainda se assenta nas suas cinza, desolada majestade acima daquele velho trono. Lá ainda está o monte Sião. Foi no monte Sião que o Filho do Homem, antes de sofrer, disse Suas últimas palavras de eterno consolo e boa esperança. Foi a cena do discurso da Páscoa e da instituição da preciosa Ceia, tão cheia das promessas de Deus. Então há uma outra montanha, “o monte verde muito distante”, o lugar onde o Cordeiro foi morto, onde o Senhor derramou Sua alma em um sacrifício pelo pecado. E toda as nossas bênçãos são garantidas e certificadas e seladas quando olhamos para aquela montanha e recordamos aquela magnífica obra consumada. Então há o Monte das Oliveiras, de cujos cumes ou cristas o Senhor ascendeu, depois da ressurreição, para o Seu trono, levando com Ele para o Céu todos os interesses do Seu povo e derramando sobre eles, do Céu, toda a plenitude do Seu Espírito. Deixemos nossos pensamentos saírem de Jerusalém e verem ao sul os montes pastoris onde se situa Belém. Contemplemos ali a verdade da Encarnação, “o Filho entregue”, Deus O fez um conosco. Contemplar nossa união com o Eterno; pois nós, pela fé, estamos unidos ao Homem Jesus Cristo, e Ele é um com o Pai, bendito Deus para sempre. Então olhamos de Jerusalém, ao norte, para Galiléia, e o olho da mente pode ver outro monte, o monte sobre o qual Jesus pronunciou Seu grande sermão de santidade e bem-aventurança aos Seus fiéis. Recordemos, com isso, a anônima “montanha na Galiléia”, onde os discípulos O encontraram após da ressurreição e Ele disse-lhes que todo poder Lhe foi dado no céu e na terra e que eles deviam ir e contar ao mundo sobre Ele e que Ele estaria com eles todos os dias até o fim.
Desta memorável e terrestre “montanha” a alma se vai, na luz da Palavra de Deus, para “os eternos montes acima dos céus”. Contemplemos aquela grande Cidade, a Jerusalém Celestial, “a mãe” de toda a verdadeira Israel de Deus. Contemplemos a Sião celestial onde o Cordeiro está em pé e a multidão em volta dEle tem o Nome de Seu Pai escrito em suas testas. Imaginar, com admiração e ação de graças, que a Palavra nos fala que, pertencendo a Cristo, já pertencemos àquele lugar. (Hb 12:22). Já podemos elevar nossos olhos para ele com uma sólida certeza de que seu Senhor é nosso e está conosco para abençoar e socorrer em toda necessidade. Devemos fazer uso do exemplo do Salmista? Devemos manter nossos olhos assim na direção das montanhas e na direção do Senhor o qual elas apontam? Qual é a sua necessidade bem agora? É a necessidade de uma consciência que ainda não encontrou paz? Aquela intranqüilidade da alma com relação ao perdão jaz fundo na raiz de muitas falhas na professa vida Cristã. Você quer então a segurança de que seus pecados estão perdoados por causa do Seu Nome? Não a procure no seu íntimo. “Eleve seus olhos para os montes”. Apressa-te para o Calvário, “suba a montanha terrível do Calvário” e no caminho para lá visite as ladeiras do Monte das Oliveiras, onde crescem as árvores do Getsêmani. Contemple ali a agonia do Senhor, onde Ele já provou o tremendo cálice que bebeu completamente no meio do dia seguinte, na Cruz. Há resposta para a sua necessidade. Ali o Senhor “consumou”, completou absolutamente Sua obra de expiação pelos nossos pecados. E agora Ele pede que você se lembre dEle como o Cordeiro expiatório, que foi morto. Porquanto Ele vive, Sua obra nunca poder ser desfeita. Você simplesmente está aos Seus pés? Então você não é rejeitado, nem poder ser; pois Ele tem dito as palavras: “Aquele que vem a Mim de modo nenhum lançarei fora”. Assim você é aceito. Por isso não somente olhe, mas descanse sobre aquele monte.
Se conhecemos Jesus Cristo pela fé, já estamos, no Espírito, naquele “grandíssimo e alto monte”, na Cidade Celestial onde Ele está, “nos lugares celestiais em Cristo Jesus ”. Estamos lá e Ele está aqui. Estamos com Ele e Ele está conosco, o mesmo fiel Criador “que fez o céu e a terra”, e que nos fez, corpo, alma e espírito. Ele conhece nossa necessidade. Ele está perfeitamente consciente de que só Ele é o bastante para satisfaze-la. E Ele tem prazer no apelo de nossa fraqueza e da nossa fé. “De onde deve vir meu socorro, Senhor?”. “Senhor, para quem mais irei?”. Olho para cima e vejo a Ti. Tu és suficiente e eu sou forte em Ti.
“É suficiente, meu Senhor, suficiente mesmo. Minha força está em Tua força, somente na Tua força”.
Do livro “Thy Keeper” (Teu Protetor).

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