domingo, 24 de agosto de 2008

| Como Conhecer a Vontade do Pai |

| Como Conhecer a Vontade do Pai |






Nossa Situação Espiritual

Se um filho tivesse por hábito desprezar seu pai, sem sequer dar-se ao trabalho de procurar conhecer as opiniões e a vontade dele, seria fácil deduzir que tal filho não sabe o que seria do agrado do pai, quando se deparasse com alguma dificuldade em seu caminho.

Há coisas na nossa vida a respeito das quais Deus nos forneceu somente princípios gerais, para por à prova a situação da alma de cada um.

Como próximo exemplo, tomemos o relacionamento entre a esposa e seu marido. Dado que ela tenha os sentimentos e o espírito de uma esposa, fica claro que não terá dúvida nem sequer por um instante, a respeito do que seja agradável a seu marido, mesmo numa situação em que ele não tenha manifestado o seu desejo. Ora, isso é algo que precisa ser exercitado. Deus não há de permitir que seus filhos se esquivem de passar por esse exercício. "Se os teus olhos forem bons todo o teu corpo será luz" (Mt 6:22).

As pessoas gostariam de possuir algo de fácil consulta, talvez assim como um livro de receitas, para consultar a respeito da vontade de Deus.

Não existe, no entanto, nenhum meio de conhecê-la, que não esteja diretamente relacionado com o estado da nossa alma.

Além disso, nós, muitas vezes, aos nossos olhos somos demais importantes, a ponto de nos enganarmos a nós mesmos, quanto à vontade de Deus a nosso respeito. Talvez, referente a uma pergunta que nos preocupa, Deus não pretenda responder. Talvez seja a vontade Dele que ocupemos uma posição insignificante.

Às vezes, procuramos descobrir a vontade de Deus nas circunstâncias em que Sua única vontade é que não nos envolvamos nelas, circunstâncias, nas quais a nossa consciência, caso estivesse em ação, nos teria acusado, ocasionando, assim, nossa retirada. Embora seja a nossa própria vontade que nos leva a essas circunstâncias, gostariamos, mesmo assim, de ter a satisfação de ser guiados por Deus. Prática essa, amplamente difundida.

Com certeza não teremos dificuldade em reconhecer a vontade de Deus, quando estivermos próximos a Ele. Durante uma longa vida de atividades poderia acontecer que Deus nem sempre nos manifestasse logo a Sua vontade, a fim de nos sentirmos dependentes Dele, especialmente quando temos a tendência para agir conforme a nossa própria vontade. Repito: " Se o teu olho for bom, todo o teu corpo será luz ". Portanto, se o teu corpo não for luz, também o teu olho não é bom. Talvez você diga: isso é um consolo muito modesto; eu respondo: é um grande consolo para aqueles cujo único desejo é possuir olhos bons, para poder andar com Deus.

"Se alguém andar de dia, não tropeça porque vê a luz deste mundo: mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz" (Jo 11:9-10). O principio é sempre o mesmo. "Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida " (Jo 8: 12). Você não pode se desvencilhar dessas regras da moral do cristianismo. "Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus " (Cl l:9-10).


Como Conhecer a Vontade do Pai
A reciprocidade dessas duas verdades - conhecer a vontade de Deus para fazê-la, e, fazê-Ia para poder conhecê-la - é de suma importância para a alma. É necessário conhecer muito bem o Senhor, para poder andar digno Dele. Dessa forma será, também, possível crescer no conhecimento do Senhor. " E peço isto: Que a o amor abunde mais e mais em ciência e em todo conhecimento. Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo " (Fp 1:9-10).

Finalmente ainda lemos: "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e Ele de ninguém é discernido" (1 Co 2: 15).

Assim, é a preciosa vontade de Deus, que a nossa possibilidade em reconhecer a Sua vontade esteja diretamente condicionada ao nosso estado espiritual. Pode ser que consideramos estar em condições para avaliar circunstâncias, contudo, Quem avalia o nosso estado espiritual é Deus. A nós cabe ficarmos perto Dele. Deus não seria bom para conosco, se nos permitisse conhecer Sua vontade sem ficarmos perto Dele. Poderia ser até mesmo confortável estipular uma diretriz para a nossa consciência. Dessa forma, ficaríamos poupados de termos que nos submeter a correções, quanto ao nosso comportamento moral. Se você pretender descobrir a vontade de Deus, sem usar do auto-julgamento, a sua intenção não será boa; mas é o que se vê diariamente.

Um crente pode ter dúvidas ou incertezas a respeito de certa decisão, outro, mais espiritual do que ele, não vê nenhuma dificuldade, e, fica surpreso com as dúvidas do primeiro, chegando, assim, a entender que essas dúvidas são devidas ao estado da alma daquele. "Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe" (2 Pe 1:9).


Direção por Circunstâncias
No que se refere a circunstâncias , creio eu, é perfeitamente possível sermos guiados por elas; a Escritura é clara nesse ponto, no exemplo de Salmos 32:9: "... com cabresto e freio... são dominados ". A promessa e o privilégio de quem tem fé está, contudo, em contraposição a isso : "Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos " (v. 8). Deus que é fiel, deu-nos a promessa de nos mostrar o caminho de uma maneira direta. Se estivermos perto de Deus, entendê-lo-emos por meio de um simples gesto . (vide Salmo 123)

Ele nos adverte para não sermos como a mula ou o cavalo, que não conhecem a vontade, os pensamentos e os desejos do seu Senhor, mas com freio e cabresto precisam ser retidos. Sem dúvida, ainda é melhor sermos dominados dessa maneira, do que cairmos ou resistirmos a quem assim nos domina. Mas é uma situação triste, sermos guiados por circunstâncias. Esse procedimento por parte de Deus é um ato de misericórdia, no entanto, para nós é lamentável.

Nessa altura, temos de diferenciar entre definir o que deva ser feito em determinadas circunstâncias, e, o simples ser guiado pelas circunstâncias. Quem se deixa guiar por circunstâncias, está obscurecido no que diz respeito a reconhecer a vontade de Deus. Nessa maneira de agir não reside, absolutamente, nenhuma energia da moral, visto que são forças exteriores que determinam os procedimentos que se fazem necessários. Pode, no entanto, acontecer que não sei de antemão o que deva fazer, pois não sei com que circunstâncias ou situações vou me deparar, e, conseqüentemente não posso tomar nenhuma iniciativa. No momento, porém, em que as circunstâncias aparecerem, saberei com convicção absoluta e divina o caminho segundo os pensamentos de Deus e a intenção do Espírito.

Isso predispõe ao mais elevado grau de espiritualidade, e, não é estar sendo guiado por situações, mas significa estar sendo dirigido por Deus, em meio a situações. Estando próximos a Deus, teremos a capacidade para decidir prontamente o que devemos fazer, tão logo nos defrontarmos com as circunstâncias.


Direção por meio de Impressões e Sentimentos
Quanto a impressões e sentimentos pessoais, estou certo de que Deus os promove e suscita dentro de nós. Em tais casos, no entanto, teremos clareza absoluta a respeito do assunto. Na oração, Deus pode afastar certas influências da carne. Uma vez afastadas, há espaço para impulsos espirituais, os quais então envolvem a alma toda. Dessa maneira, Deus nos permite sentirmos a importância de uma tarefa, que, até então talvez, estivesse oculta sob um espaçoso desejo que muito nos ocupava. Sentimentos provenientes de Deus não permanecem obscuros ou duvidosos. Quando são operados por Deus, geralmente são explícitos. Por isso, não duvido de que Deus muitas vezes opera impressões em nosso espírito quando andamos com Ele e damos ouvidos à Sua voz.


Empecilhos em Nosso Caminho
Quando se diz que Satanás nos põe empecilhos no caminho, não significa que Deus não os tenha permitido. São causados pelo acúmulo de males provindos de circunstâncias que nos envolvem para servirem para o nosso bem.

Não deveria, no entanto, acontecer que alguém agisse sem conhecer a vontade de Deus. A única regra que poderíamos estipular, é: nunca fazer algo, quando não se sabe com certeza qual é a vontade do Senhor.

A vontade de Deus deveria ser, tanto o motivo, quanto a diretriz para os nossos atos. Enquanto a vontade de Deus não estiver em ação, não haverá motivo para a existência da nossa vontade. Quando você age sem conhecer a vontade de Deus, você fica exposto a circunstâncias. Com efeito, Deus fará com que tudo coopere para o bem dos seus filhos, mas por que temos de agir sem sabermos a sua vontade?

Se faço algo com a plena certeza de que é da vontade de Deus, fica claro que, se alguma coisa me impede no caminho, só pode ser uma provação para minha fé, e não deveria deter-me. Nesse caso, somente a falta de fé irá deter-me no caminho segundo Deus. Porque, quando não nos mantivermos perto do Senhor, cientes da nossa insuficiência, faltar-nos-á a fé para realizar aquilo para que havíamos tido fé suficiente para o reconhecer. Certamente, quando formos rebeldes e desleixados, Deus, na Sua misericórdia, pode nos advertir, usando de alguma circunstância que venha nos deter, no nosso caminho, se é que daremos atenção, Pois é fato que os 'simples não atentam e sofrem a pena ' (veja em Pv 27:12). Pode ser que Deus permita que, onde há muito trabalho e atividade, Satanás nos ponha empecilhos no caminho para que fiquemos na dependência de Deus.

Porém, Deus nunca permite a Satanás influenciar-nos, senão segundo à carne. Quando não somos vigilantes, e, nos distanciamos de Deus, Satanás nos prejudica. No primeiro caso, a influência de Satanás é somente uma provação para a nossa fé, e que vem nos guardar de algum laço, ou mesmo para nos advertir do perigo de nos exaltarmos. É um instrumento na mão de Deus, para nos corrigir. Explicando: Deus permite a Satanás inquietar o nosso espírito, fazendo com que o nosso homem exterior sofra, para que o interior fique guardado do mal.

Outra razão para nossa correção pela intervenção de Satanás podem ser os nossos "se" e "porém", que nos detêm, ou mesmo nossa desatenção, que possa ter aberto a Satanás uma porta entre nós e Deus, para penetração de dúvidas e aparentes dificuldades, já que a nossa visão ficou ofuscada; "mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca" (1 Jo 5:18). Com uma palavra: Trata-se da nossa situação moral. Quando surgir uma pergunta que não soubermos responder prontamente, havemos de descobrir que tal pergunta nem sequer teria surgido se a nossa alma estivesse em boa posição, e, se sentimentos verdadeiramente espirituais nos tivessem guiado e guardado. A única coisa que nos resta fazer, em tal caso, é humilhar-nos.


Princípios que nos Orientam Bem
Examinemos a Escritura com a finalidade de verificar se ela nos transmite princípios que sejam próprios para nos orientar. Única condição para tanto é uma disposição clara do nosso espírito.

A regra: deveríamos fazer o que o Senhor Jesus teria feito em dito caso, é excelente, onde e quando puder ser aplicada; a dúvida, porém , é se em muitas dessas ocasiões estamos nas circunstâncias nas quais Ele se achava.

Como próximo meio de se orientar é útil dirigir a si próprio a pergunta: de onde surge essa inclinação ou esses pensamentos, que me levam a tornar tais decisões?

Temos constatado que essa auto-análise soluciona mais da metade das dificuldades ou dúvidas do Cristão. O que ainda resta de dificuldades e dúvidas é fruto da nossa própria precipitação ou de pecados do passado. Quando um pensamento procede de Deus, e não da carne, precisamos somente nos dirigir a Deus e Ele nos orientará, no que diz respeito à realização. Há casos nos quais, embora já existam razões, ainda necessitamos da Sua orientação; por exemplo: quando estamos indecisos a respeito de uma visita ou de algum serviço semelhante. Uma vida cheia de amor ardente, exercitado no conhecimento e na devoção a Deus, há de nos manifestar com clareza os nossos motivos em cada caso. Talvez, muitas vezes tenhamos de reconhecer que a nossa parcela de participação em alguma atividade, não passa de egoísmo.

Talvez alguém diga: Mas como devo agir quando da decisão face a uma pergunta que não diz respeito nem ao amor, nem à obediência? Eu, então, respondo: você deveria enunciar-me qualquer motivo para agir. Nesse caso, trata-se somente da sua própria vontade, quando é claro que você não pode sujeitar a sabedoria de Deus à Sua vontade. Nesse tipo de atitudes reside, igualmente, a razão de uma série de dificuldades, que Deus jamais há de resolver. Em casos dessa ordem, Ele, na Sua graça quer nos ensinar obediência e nos mostrar quanto tempo temos perdido, andando obstinados, em nossas próprias atividades. Porque " guiará os mansos retamente: e aos mansos ensinará o seu caminho " Salmos 25:9.

Lembre-se sempre de que a sabedoria de Deus quer nos guiar nas veredas da Sua vontade; quando, porém, nossa própria vontade estiver em ação, Deus não pode estar conosco. Isso é essencial. É o mistério da vida de Cristo.

Eu desconheço qualquer outro princípio do qual Deus possa fazer uso, embora ele possa nos perdoar e fazer com que todas as coisas concorram juntamente para o nosso bem. A tarefa do porteiro é ficar postado junto ao portão. Acontece que, enquanto ele cumpre com essa sua obrigação, ele faz a vontade do seu Senhor. Podemos estar certos de que Deus faz mais "em" nós, do que nós "para" Ele. Nós somente fazemos algo para ele, quando Ele o houver operado em nós.

Autor: John Nelson Darby
Extraído do Livreto ”Como conhecer a vontade do Pai” John Nelson Darby – DLC
www.literaturacrista.com.br




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