domingo, 24 de agosto de 2008

| Lembrai-vos da Mulher de Ló - Lc 17:32 |

| Lembrai-vos da Mulher de Ló - Lc 17:32 |



Há poucas advertências na Escritura mais solenes que esta. O Senhor Jesus Cristo nos diz, "Lembrai-vos da mulher de Ló”.

A esposa de Ló professava a verdadeira religião: seu marido era um "homem íntegro" (2 Pedro 2:8). Ela deixou Sodoma com ele no dia da sua destruição; ela olhou para trás, em direção a cidade, em desobediência a ordem expressa de Deus; ela morreu imediatamente, transformando-se em uma estátua de sal. E o Senhor Jesus Cristo a utiliza como exemplo para Sua igreja; Ele diz: "Lembrai-vos da mulher de Ló".

É uma advertência solene, quando consideramos a pessoa que Jesus menciona . Ele não nos convida a lembrar de Abraão, ou Isaque, ou Jacó, ou Sara, ou Ana, ou Rute. Não! Ele escolhe alguém cuja alma estava perdida para sempre. Ele clama a nós: "Lembrai-vos da mulher de Ló".

É uma advertência solene, quando nós consideramos sobre o tema de Jesus . Ele está falando da Sua segunda vinda, quando virá julgar o mundo; Ele está descrevendo o estado terrível de despreparo no qual muitos serão achados. Os últimos dias estão na Sua mente, quando Ele nos diz: "Lembrai-vos da mulher de Ló".

É uma advertência solene, quando nós pensamos na Pessoa que a faz . O Senhor Jesus é amoroso, misericordioso e compassivo; Ele é Aquele que "não esmagará a cana quebrada nem apagará a torcida que fumega” (Is.42:3). Ele lamentou a incredulidade de Jerusalém e orou pelos homens que O crucificaram; contudo, Ele julga proveitoso nos dar esta advertência solene e nos fazer lembrar das almas perdidas. Ele nos diz: "Lembrai-vos da mulher de Ló".

É uma advertência solene, quando nós pensamos nas pessoas para as quais Ele, primeiramente, dirigiu estas palavras . O Senhor Jesus estava falando aos Seus discípulos; Ele não estava falando para os escribas e fariseus que o odiaram, mas a Pedro, Tiago e João, e muitos outros que O amaram; mesmo para esses, Ele julga proveitoso uma palavra de precaução. Ele os diz: "Lembrai-vos da mulher de Ló".

É uma advertência solene, quando nós consideramos a maneira que Ele falou . Ele não diz somente: "Cuidado! Não sejam como a mulher de Ló". Ele usa uma palavra diferente; Ele diz: "Lembrai-vos". Ele fala como se nós corrêssemos o perigo de esquecer o assunto; Ele incita nossas memórias preguiçosas; Ele nos ordena a manter o caso em nossas mentes. Ele clama: "Lembrai-vos da mulher de Ló".

Agora, consideremos os privilégios religiosos que a esposa de Ló desfrutou .

Nos dias de Abraão e Ló, a verdadeira religião salvadora era escassa na terra; não havia ainda a Bíblia, pastores, igrejas, credos ou mesmo missionários. O conhecimento de Deus estava limitado a algumas famílias agraciadas; a maior parte dos habitantes do mundo estava vivendo em escuridão, ignorância, superstição e pecado. Talvez não houvesse um em cem, que contasse com tal bom exemplo, ou com tal convivência espiritual, tal clareza de conhecimento e advertências tão claras como a esposa de Ló. Comparada com os milhões de criaturas do seu tempo, a esposa de Ló era uma mulher agraciada.

Ela teve um homem religioso como marido ; ela teve Abraão, o pai da fé, como tio através do matrimônio. A fé, o conhecimento e as orações destes dois homens íntegros não poderiam ter sido desconhecidos dela. É impossível que ela pudesse ter morado em tendas com eles durante tanto tempo, sem saber de Quem eles eram e a Quem eles serviam. Religião para eles não era nenhum negócio formal; era o princípio governante das suas vidas e a razão de suas ações. Tudo isso a esposa de Ló deve ter visto e conhecido. Este não era um pequeno privilégio.

Quando Abraão recebeu as promessas, a esposa de Ló provavelmente estava lá . Quando ele construiu sua tenda entre Ai e Betel, é provável que ela estivesse presente...; quando os anjos vieram a Sodoma e advertiram seu marido para fugir, ela os viu; quando eles os levaram pela mão e os conduziram para fora da cidade, ela era um daqueles que eles ajudaram a escapar. Mais uma vez, eu digo, estes não foram privilégios pequenos.

Contudo, quais foram os resultados positivos, de todos estes privilégios, no coração da esposa de Ló? Nenhum, nada. Apesar de todas as oportunidades e meios de graça, todas as advertências especiais e mensagens do céu, ela viveu e morreu sem a graça de Deus, sem Deus, impenitente e descrente. Os olhos do seu entendimento nunca foram abertos; sua consciência nunca foi realmente despertada ou estimulada; sua vontade nunca foi verdadeiramente trazida a um estado de obediência a Deus; suas afeições nunca foram fixadas nas coisas lá do alto. A forma de religião que ela teve foi mantida por conveniência e não por um verdadeiro sentir; era uma capa usada para agradar a seu marido, e não por qualquer senso de seu valor. Ela fez como outros ao redor dela na casa de Ló: ela se conformou aos costumes do seu marido; ela não fez nenhuma oposição à religião dele; ela se permitiu ser conduzida passivamente por ele; mas em todo tempo o seu coração estava em pecado diante de Deus. O mundo estava no seu coração, e o seu coração estava no mundo. Neste estado ela viveu, e neste estado ela morreu.

Em tudo isso há muito a ser aprendido. Eu vejo uma lição aqui que é da maior importância nos nossos dias. Você vive em tempos em que há muitas pessoas vivendo igual a esposa de Ló. Ouça pois, a lição que o caso dela nos ensina.

Aprenda que a mera possessão de privilégios religiosos não salvarão a alma de ninguém . Você pode ter vantagens espirituais de todo tipo; você pode viver e gozar das mais ricas oportunidades e meios de graça; você pode desfrutar da melhor pregação e das instruções mais verdadeiras; você pode morar no meio da luz, conhecimento, santidade e boa companhia. Tudo isso é possível; contudo, você ainda pode permanecer não convertido, e estar perdido para sempre.

Eu ouso dizer que esta doutrina parece dura a alguns leitores. Eu conheço a idéia de que eles não querem nada mais do que privilégios religiosos para decidirem ser cristãos. Eles não são o que eles devem ser no momento, eles concordam; mas a posição deles é tão difícil, eles argumentam, e suas dificuldades são tantas. Dê-lhes um cônjuge crente, ou amizades cristãs, ou um patrão crente; dê a eles a pregação do Evangelho, os privilégios, e então eles caminharão com Deus.

Tudo engano! Uma completa ilusão! Para salvar almas, é requerido muito mais do que privilégios . Joabe era o capitão de Davi; Geazi era o criado de Eliseu; Demas era companheiro de Paulo; Judas Iscariotes era discípulo de Cristo; e Ló teve uma esposa mundana e incrédula. Todos eles morreram em seus pecados. Eles baixaram à cova apesar do conhecimento, advertências e oportunidades; e todos eles nos ensinam que os homens necessitam não só de privilégios. Eles precisam da graça do Espírito Santo.

Vamos valorizar nossos privilégios religiosos, mas não vamos descansar completamente neles . Vamos desejar ter o benefício deles em nossas atividades, mas não vamos colocá-los no lugar de Cristo. Vamos usá-los com gratidão, se Deus no-los der, mas nos preocupemos em que eles produzam algum fruto em nosso coração e vida. Se eles não produzem o bem, eles seguramente causarão dano; eles cauterizarão a consciência, eles aumentarão a responsabilidade, eles agravarão a condenação. O mesmo fogo que derrete a cera endurece o barro; o mesmo sol que faz a árvore vivente crescer, seca a árvore morta e a prepara para queimar. Nada endurece mais o coração do homem, do que uma familiaridade estéril com as coisas sagradas. Mais uma vez eu digo, não são somente os privilégios que fazem as pessoas cristãs, mas a graça do Espírito Santo. Sem isso, nenhum homem jamais será salvo.

Eu peço aos que lêem esta mensagem hoje, que considerem bem o que eu estou dizendo . Você vai para a Igreja do Sr. A ou B; você o considera um pregador excelente; você se deleita com seus sermões; você não pode ouvir nenhum outro com o mesmo conforto; você aprendeu muitas coisas desde que você começou a participar do seu ministério; você considera um privilégio ser um dos seus ouvintes. Tudo isso é muito bom. É um privilégio. Eu seria grato se ministros como o seu fossem multiplicados. Mas, afinal de contas, o que você recebeu no seu coração? Você já recebeu o Espírito Santo? Se não, você não é melhor que a esposa de Ló.

Eu peço para os filhos de pais crentes que gravem bem o que eu estou dizendo . Ser filhos de pais crentes é o mais elevado dos privilégios, pois torna-se o alvo de tantas orações. Realmente é uma bênção aprender o Evangelho na nossa infância, e ouvir falar de pecado, de Jesus, e do Espírito Santo, e santidade, e céu, desde o primeiro momento que podemos lembrar. Mas, cuidado para que vocês não permaneçam estéreis e infrutíferos no meio de todos estes privilégios; precavenham-se para que seus corações não permaneçam duros, impenitentes e mundanos, sem se quebrantar às muitas vantagens que vocês desfrutam. Vocês não poderão entrar no reino de Deus pelo crédito de seus pais . Vocês próprios têm que comer o Pão da Vida e ter o testemunho do Espírito nos seus próprios corações. Vocês têm que ter arrependimento próprio, fé própria e sua própria santificação. Se não, vocês não serão melhor que a esposa de Ló.

Eu peço a Deus que todos os cristãos professos destes dias possam aplicar estas coisas aos seus corações. Que nós nunca esqueçamos que os privilégios sozinhos, não podem nos salvar. Luz e conhecimento, pregações fiéis, meios abundantes de graça e a companhia de pessoas santas são todos grandes bênçãos e vantagens. Feliz aqueles que os tem! Mas no final de tudo, há uma coisa sem a qual privilégios são inúteis: a graça do Espírito Santo. A esposa de Ló teve muitos privilégios; mas não teve a graça de Deus em seu coração.

Autor: J.C. Ryle
Extraído do site: Extraído do site: www.geocities.com/athens/delphi/7162

| Há um Deus? |

| Há um Deus? |



“Todo aquele que se dedica ao estudo da ciência chega a convencer-se de que nas leis do Universo se manifesta um espírito sumamente superior ao homem, e perante o qual nós, com nossos poderes limitados, devemos humilhar-nos.”
- Albert Einstein

“Fascinam-me alguns acontecimentos estranhos na astrologia atual... A evidência astronômica conduz ao ponto de vista bíblico da origem do mundo.”
- Robert Jastrow – Diretor do Instituto para Estudos Espaciais da Nasa

“No principio criou Deus os céus e a terra”, (Gênesis 1:1)

Você alguma vez contemplou o céu à noite – ou sentiu o dedo apertado pela pequenina mão de um bebê – e se sentiu impressionado? O mundo está cheio de maravilhas onde quer que olhemos. Quem fez tudo isso? Surgiu por acaso? Porventura há um Deus que, como diz a Bíblia, criou “os céus e a terra”?

Alguém pode negá-lo? Se dizemos que não há Deus, todas as maravilhas que nos rodeiam não são mais que casualidades. Os bilhões de estrelas no céu apareceram por acaso e produziram a sua própria energia para manter o seu curso no espaço. A terra tem, por casualidade, uma camada sem a qual não poderia crescer nada. O ar que respiramos – que tem somente 80 quilômetros de espessura e cuja concentração é necessária para manter a vida – é apenas outra casualidade nas leis da física.

Pode crer que tudo isso é pura casualidade? Acaso não é mais lógico supor que um ser supremo planejou tudo o que existe no Universo? Pense nos depósitos de carbono, de zinco, de ouro e de urânio. Existem por casualidade? E que é o que impede que os lagos se congelem de todo, até o fundo, impossibilitando assim que sobrevivam os peixes?

Por que a terra gira a uma velocidade determinada e estável, de modo que haja o dia e a noite? Quem a inclina para que haja estações? Ninguém realmente sabe nem por quê nem como funciona a atração magnética.

Ou pense no Sol, que alimenta um fogo com o calor exato para nos manter na terra, nem tanto calor que nos cozinhe nem tão pouco que nos congele. Quem mantém esse fogo?

E que lhe parece o corpo humano, essa combinação complexa de ossos, músculos, nervos e vasos sangüíneos? O cérebro humano tem uma capacidade muito maior do que poderia ter o melhor computador jamais imaginado. Os rins constam de aproximadamente 450 quilômetros de tubos muito pequeninos, e no transcurso de um só dia filtram 175 litros de água do sangue.

E o que podemos dizer do coração! É uma bomba incrivelmente forte, constituída de quatro compartimentos e quatro válvulas. A fim de suprir o sistema circulatório, que tem cerca de 20.000 quilômetros de vasos sangüíneos, ele movimenta 19.000 litros de sangue a cada dia, quase o suficiente para encher um vagão ferroviário. O coração, que a cada minuto bombeia todo o sangue do corpo, bate 100.800 vezes ao dia, e cerca de 2.500.000.000 de vezes no transcorrer de uma vida.

Antes que você diga que não há Deus, pense nestas maravilhas. Toda a criação prova que há um Criador. Então, por que alguns duvidam da existência de Deus? Como podemos estar certos de que realmente ele existe e se interessa por nós?

A Bíblia diz que por natureza estamos mortos em “delitos e pecados”“separados da vida de Deus” (Efésios 4:18). Assim como o corpo sem vida está morto, também qualquer outra pessoa separada de Deus está espiritualmente morta, segundo a Bíblia. Se permanecermos mortos espiritualmente, não nos será possível conhecer a Deus. Todos necessitamos de uma nova vida. Precisamos ser purificados do pecado e libertos do seu castigo, a fim de voltarmos a ter comunhão com Deus. Foi isto que Cristo quis dizer ao afirmar: “Necessário vos é nascer de novo.” (João 3:7)

Deus enviou o seu único Filho, Jesus Cristo, para que desfrutássemos uma vida nova eterna. A Bíblia diz: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16)

Através da sua morte e ressurreição, Cristo pagou pela nossa salvação. Assim ele destruiu o poder do pecado e da morte, permitindo-nos possuir a vida eterna.

Jesus Cristo disse: “...eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” (João 10:10)

Receber a vida que Cristo oferece é o que significa nascer de novo. Essa vida nova e eterna será sua se você reconhecer que é um pecador e receber a Cristo como seu Salvador e Senhor.

“Deus nos deu vida; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I João 5:11-12)

Autor: Dr. J. Allen Blair
(Efésios 2:1); que estamos


| Verdade e Liberdade

| Verdade e Liberdade |
Por Horatius Bonar




“Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8: 31- 32).

“A fé vem pelo ouvir, e ouvir pela palavra de Deus” ; de acordo com o que lemos no verso 30, “Ditas estas palavras, muitos creram nele”. Assim Ele ensinou, e assim eles creram; como o apóstolo colocou, “Assim pregamos e assim crestes”. É sempre em conexão com a palavra da verdade que o Espírito Santo opera em nós. A voz de Cristo e a mão do Espírito Santo andam juntas. Encontramos isso em nosso texto, mas encontramos mais do que isso.

O recebimento da palavra de Cristo dá início ao discipulado. Talvez haja muitos pensamentos ansiosos antes disso, muitas lágrimas, muitos gemidos amargos. Talvez haja susto, inquietação e questionamento. Mas isso não é discipulado. Entretanto, tais coisas são como muitas tentativas de ensinamento; muitas informações segundo uma escola e um professor, os quais irão de encontro aos desejos da alma. O mundo inteiro está, em seu pobre e obscuro caminho, estendendo suas mãos em busca de algo que somente pode ser concretizado em Cristo. Porém isso não é discipulado.

Todos os homens estão perguntando, 'Quem nos mostrará algo bom? ' Porém isso não é discipulado. O discipulado começa por receber a Sua palavra. Não com o fazer algo grande, mas com o receber Sua palavra; recebê-la como o aluno recebe o ensinamento do mestre.
Ele é a Palavra; e Ele anuncia a palavra. Qual é esta palavra que Ele anuncia?

É uma palavra (a) referente ao Pai (b) referente a Ele mesmo. Ele vem como o revelado do Pai, e anunciador de Si mesmo e de Sua obra. No momento em que recebemos aquilo que Ele nos diz referente ao Pai e a Si mesmo, nos tornamos Seus discípulos, Seus alunos. Assim somos ensinados, não por homens, mas por Deus. Este é o verdadeiro, o autêntico início do discipulado.

Permanecer naquela palavra é o teste do verdadeiro discipulado. Nosso Senhor colocou grande ênfase neste ponto; permanecer na Sua palavra. Não é a permanência em adesão geral a Sua causa, mas permanência na Sua palavra naquela palavra, pelo recebimento da qual nos tornamos discípulos. “A palavra de Cristo habite em vós ricamente” (Colossenses 3: 16) diz Paulo; e é esta palavra que contém tudo o que precisamos.

É uma palavra expansiva, sempre ampliando suas dimensões, crescendo em nós. Nunca é velha, nunca é nova; nela fazemos contínuas descobertas. É a mesma árvore, porém sempre produzindo novos ramos e folhas o mesmo rio, mas sempre expandindo e ampliando. É uma palavra vivificadora, produtora da nova. “Tua palavra me vivificou” (Salmos 119: 50). É uma palavra fortalecedora, que nos encoraja e nos revigora; nos levanta quando prostrados; confere saúde, coragem, resolução e persistência.

É uma palavra santificadora. Ela purifica; detecta o mal e o expurga; derrama santidade na alma. Ela opera uma obra interior abençoada. Continuemos nela; não nos cansemos dela; não percamos o gosto por ela, mas habitemos nela.

O conhecimento da verdade é o resultado do discipulado. Temos visto as propriedades e virtudes da palavra em si mesma; notemos a comunicação destas ao discípulo. Todos os que entram nesta escola e que se põem sob o ensinamento desse instrutor são ensinados por Deus; conforme está escrito, “E serão todos ensinados por Deus” (João 6: 45). Ele deve conhecer a verdade; não uma verdade, nem parte dela, mas a verdade, a totalidade dela a verdade e não o engano dEle que é a verdade. Ele deve ser sábio, sábio em Cristo, nEle que é nossa sabedoria. Ele deve conhecê-la, não supô-la, nem especular sobre ela, nem ter uma noção dela; mas conhecê-la, compreendê-la, escolhê-la, apreciá-la. A verdade é Cristo mesmo, o professor da verdade é Cristo, Ele é ambos professor e lição. O conhecimento de Cristo é o conhecimento da verdade; sempre crescente tanto em extensão como em profundidade. A promessa de Cristo para o discípulo é, “Conhecereis a verdade”.
Abençoada promessa num dia de dúvida e engano.

Esta verdade é liberdade. Toda verdade é liberdade, e o engano escravidão; um pouco de verdade é imensa liberdade, e um pouco de engano é imensa escravidão. Abençoadas são estas palavras do Mestre, “A verdade vos libertará”. A escravidão, para muitos, simplesmente está associada à tirania, mau governo, despotismo civil ou eclesiástico. As palavras de Cristo vão além e mais profundo. Elas vão à raiz do mal. A verdadeira cadeia, a verdadeira prisão, a verdadeira escravidão está no interior e não no exterior; assim, a verdadeira liberdade é interior, não exterior. Ela brota daquilo que uma pessoa conhece de Deus e do Seu Cristo. Raramente compreendemos isso. Engano? Escravidão? Como pode ser, dizemos, se o engano for o feito voluntário da própria pessoa? Se for o resultado dos seus próprios esforços intelectuais? Se não está relacionado com muros de prisão ou a opressão do poder? Mas o Mestre é muito explicito. A verdade vos libertará! Não há outra liberdade, digna do título, da qual esta não seja a fonte. 'Ele é o homem livre quem a verdade faz livre; e fora dela todos são escravos'.

Sejam livres! Diz o Filho de Deus aos filhos dos homens. Como? Tornando-se Meus discípulos, conhecendo a verdade que ensino e seguindo-Me. Se o Filho os libertar, verdadeiramente sereis livres!

Do livro 'Studies in the Gospel of John' (Estudos do Evangelho de João)


| Como Conhecer a Vontade do Pai |

| Como Conhecer a Vontade do Pai |






Nossa Situação Espiritual

Se um filho tivesse por hábito desprezar seu pai, sem sequer dar-se ao trabalho de procurar conhecer as opiniões e a vontade dele, seria fácil deduzir que tal filho não sabe o que seria do agrado do pai, quando se deparasse com alguma dificuldade em seu caminho.

Há coisas na nossa vida a respeito das quais Deus nos forneceu somente princípios gerais, para por à prova a situação da alma de cada um.

Como próximo exemplo, tomemos o relacionamento entre a esposa e seu marido. Dado que ela tenha os sentimentos e o espírito de uma esposa, fica claro que não terá dúvida nem sequer por um instante, a respeito do que seja agradável a seu marido, mesmo numa situação em que ele não tenha manifestado o seu desejo. Ora, isso é algo que precisa ser exercitado. Deus não há de permitir que seus filhos se esquivem de passar por esse exercício. "Se os teus olhos forem bons todo o teu corpo será luz" (Mt 6:22).

As pessoas gostariam de possuir algo de fácil consulta, talvez assim como um livro de receitas, para consultar a respeito da vontade de Deus.

Não existe, no entanto, nenhum meio de conhecê-la, que não esteja diretamente relacionado com o estado da nossa alma.

Além disso, nós, muitas vezes, aos nossos olhos somos demais importantes, a ponto de nos enganarmos a nós mesmos, quanto à vontade de Deus a nosso respeito. Talvez, referente a uma pergunta que nos preocupa, Deus não pretenda responder. Talvez seja a vontade Dele que ocupemos uma posição insignificante.

Às vezes, procuramos descobrir a vontade de Deus nas circunstâncias em que Sua única vontade é que não nos envolvamos nelas, circunstâncias, nas quais a nossa consciência, caso estivesse em ação, nos teria acusado, ocasionando, assim, nossa retirada. Embora seja a nossa própria vontade que nos leva a essas circunstâncias, gostariamos, mesmo assim, de ter a satisfação de ser guiados por Deus. Prática essa, amplamente difundida.

Com certeza não teremos dificuldade em reconhecer a vontade de Deus, quando estivermos próximos a Ele. Durante uma longa vida de atividades poderia acontecer que Deus nem sempre nos manifestasse logo a Sua vontade, a fim de nos sentirmos dependentes Dele, especialmente quando temos a tendência para agir conforme a nossa própria vontade. Repito: " Se o teu olho for bom, todo o teu corpo será luz ". Portanto, se o teu corpo não for luz, também o teu olho não é bom. Talvez você diga: isso é um consolo muito modesto; eu respondo: é um grande consolo para aqueles cujo único desejo é possuir olhos bons, para poder andar com Deus.

"Se alguém andar de dia, não tropeça porque vê a luz deste mundo: mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz" (Jo 11:9-10). O principio é sempre o mesmo. "Quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida " (Jo 8: 12). Você não pode se desvencilhar dessas regras da moral do cristianismo. "Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus " (Cl l:9-10).


Como Conhecer a Vontade do Pai
A reciprocidade dessas duas verdades - conhecer a vontade de Deus para fazê-la, e, fazê-Ia para poder conhecê-la - é de suma importância para a alma. É necessário conhecer muito bem o Senhor, para poder andar digno Dele. Dessa forma será, também, possível crescer no conhecimento do Senhor. " E peço isto: Que a o amor abunde mais e mais em ciência e em todo conhecimento. Para que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo algum até ao dia de Cristo " (Fp 1:9-10).

Finalmente ainda lemos: "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e Ele de ninguém é discernido" (1 Co 2: 15).

Assim, é a preciosa vontade de Deus, que a nossa possibilidade em reconhecer a Sua vontade esteja diretamente condicionada ao nosso estado espiritual. Pode ser que consideramos estar em condições para avaliar circunstâncias, contudo, Quem avalia o nosso estado espiritual é Deus. A nós cabe ficarmos perto Dele. Deus não seria bom para conosco, se nos permitisse conhecer Sua vontade sem ficarmos perto Dele. Poderia ser até mesmo confortável estipular uma diretriz para a nossa consciência. Dessa forma, ficaríamos poupados de termos que nos submeter a correções, quanto ao nosso comportamento moral. Se você pretender descobrir a vontade de Deus, sem usar do auto-julgamento, a sua intenção não será boa; mas é o que se vê diariamente.

Um crente pode ter dúvidas ou incertezas a respeito de certa decisão, outro, mais espiritual do que ele, não vê nenhuma dificuldade, e, fica surpreso com as dúvidas do primeiro, chegando, assim, a entender que essas dúvidas são devidas ao estado da alma daquele. "Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe" (2 Pe 1:9).


Direção por Circunstâncias
No que se refere a circunstâncias , creio eu, é perfeitamente possível sermos guiados por elas; a Escritura é clara nesse ponto, no exemplo de Salmos 32:9: "... com cabresto e freio... são dominados ". A promessa e o privilégio de quem tem fé está, contudo, em contraposição a isso : "Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos " (v. 8). Deus que é fiel, deu-nos a promessa de nos mostrar o caminho de uma maneira direta. Se estivermos perto de Deus, entendê-lo-emos por meio de um simples gesto . (vide Salmo 123)

Ele nos adverte para não sermos como a mula ou o cavalo, que não conhecem a vontade, os pensamentos e os desejos do seu Senhor, mas com freio e cabresto precisam ser retidos. Sem dúvida, ainda é melhor sermos dominados dessa maneira, do que cairmos ou resistirmos a quem assim nos domina. Mas é uma situação triste, sermos guiados por circunstâncias. Esse procedimento por parte de Deus é um ato de misericórdia, no entanto, para nós é lamentável.

Nessa altura, temos de diferenciar entre definir o que deva ser feito em determinadas circunstâncias, e, o simples ser guiado pelas circunstâncias. Quem se deixa guiar por circunstâncias, está obscurecido no que diz respeito a reconhecer a vontade de Deus. Nessa maneira de agir não reside, absolutamente, nenhuma energia da moral, visto que são forças exteriores que determinam os procedimentos que se fazem necessários. Pode, no entanto, acontecer que não sei de antemão o que deva fazer, pois não sei com que circunstâncias ou situações vou me deparar, e, conseqüentemente não posso tomar nenhuma iniciativa. No momento, porém, em que as circunstâncias aparecerem, saberei com convicção absoluta e divina o caminho segundo os pensamentos de Deus e a intenção do Espírito.

Isso predispõe ao mais elevado grau de espiritualidade, e, não é estar sendo guiado por situações, mas significa estar sendo dirigido por Deus, em meio a situações. Estando próximos a Deus, teremos a capacidade para decidir prontamente o que devemos fazer, tão logo nos defrontarmos com as circunstâncias.


Direção por meio de Impressões e Sentimentos
Quanto a impressões e sentimentos pessoais, estou certo de que Deus os promove e suscita dentro de nós. Em tais casos, no entanto, teremos clareza absoluta a respeito do assunto. Na oração, Deus pode afastar certas influências da carne. Uma vez afastadas, há espaço para impulsos espirituais, os quais então envolvem a alma toda. Dessa maneira, Deus nos permite sentirmos a importância de uma tarefa, que, até então talvez, estivesse oculta sob um espaçoso desejo que muito nos ocupava. Sentimentos provenientes de Deus não permanecem obscuros ou duvidosos. Quando são operados por Deus, geralmente são explícitos. Por isso, não duvido de que Deus muitas vezes opera impressões em nosso espírito quando andamos com Ele e damos ouvidos à Sua voz.


Empecilhos em Nosso Caminho
Quando se diz que Satanás nos põe empecilhos no caminho, não significa que Deus não os tenha permitido. São causados pelo acúmulo de males provindos de circunstâncias que nos envolvem para servirem para o nosso bem.

Não deveria, no entanto, acontecer que alguém agisse sem conhecer a vontade de Deus. A única regra que poderíamos estipular, é: nunca fazer algo, quando não se sabe com certeza qual é a vontade do Senhor.

A vontade de Deus deveria ser, tanto o motivo, quanto a diretriz para os nossos atos. Enquanto a vontade de Deus não estiver em ação, não haverá motivo para a existência da nossa vontade. Quando você age sem conhecer a vontade de Deus, você fica exposto a circunstâncias. Com efeito, Deus fará com que tudo coopere para o bem dos seus filhos, mas por que temos de agir sem sabermos a sua vontade?

Se faço algo com a plena certeza de que é da vontade de Deus, fica claro que, se alguma coisa me impede no caminho, só pode ser uma provação para minha fé, e não deveria deter-me. Nesse caso, somente a falta de fé irá deter-me no caminho segundo Deus. Porque, quando não nos mantivermos perto do Senhor, cientes da nossa insuficiência, faltar-nos-á a fé para realizar aquilo para que havíamos tido fé suficiente para o reconhecer. Certamente, quando formos rebeldes e desleixados, Deus, na Sua misericórdia, pode nos advertir, usando de alguma circunstância que venha nos deter, no nosso caminho, se é que daremos atenção, Pois é fato que os 'simples não atentam e sofrem a pena ' (veja em Pv 27:12). Pode ser que Deus permita que, onde há muito trabalho e atividade, Satanás nos ponha empecilhos no caminho para que fiquemos na dependência de Deus.

Porém, Deus nunca permite a Satanás influenciar-nos, senão segundo à carne. Quando não somos vigilantes, e, nos distanciamos de Deus, Satanás nos prejudica. No primeiro caso, a influência de Satanás é somente uma provação para a nossa fé, e que vem nos guardar de algum laço, ou mesmo para nos advertir do perigo de nos exaltarmos. É um instrumento na mão de Deus, para nos corrigir. Explicando: Deus permite a Satanás inquietar o nosso espírito, fazendo com que o nosso homem exterior sofra, para que o interior fique guardado do mal.

Outra razão para nossa correção pela intervenção de Satanás podem ser os nossos "se" e "porém", que nos detêm, ou mesmo nossa desatenção, que possa ter aberto a Satanás uma porta entre nós e Deus, para penetração de dúvidas e aparentes dificuldades, já que a nossa visão ficou ofuscada; "mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca" (1 Jo 5:18). Com uma palavra: Trata-se da nossa situação moral. Quando surgir uma pergunta que não soubermos responder prontamente, havemos de descobrir que tal pergunta nem sequer teria surgido se a nossa alma estivesse em boa posição, e, se sentimentos verdadeiramente espirituais nos tivessem guiado e guardado. A única coisa que nos resta fazer, em tal caso, é humilhar-nos.


Princípios que nos Orientam Bem
Examinemos a Escritura com a finalidade de verificar se ela nos transmite princípios que sejam próprios para nos orientar. Única condição para tanto é uma disposição clara do nosso espírito.

A regra: deveríamos fazer o que o Senhor Jesus teria feito em dito caso, é excelente, onde e quando puder ser aplicada; a dúvida, porém , é se em muitas dessas ocasiões estamos nas circunstâncias nas quais Ele se achava.

Como próximo meio de se orientar é útil dirigir a si próprio a pergunta: de onde surge essa inclinação ou esses pensamentos, que me levam a tornar tais decisões?

Temos constatado que essa auto-análise soluciona mais da metade das dificuldades ou dúvidas do Cristão. O que ainda resta de dificuldades e dúvidas é fruto da nossa própria precipitação ou de pecados do passado. Quando um pensamento procede de Deus, e não da carne, precisamos somente nos dirigir a Deus e Ele nos orientará, no que diz respeito à realização. Há casos nos quais, embora já existam razões, ainda necessitamos da Sua orientação; por exemplo: quando estamos indecisos a respeito de uma visita ou de algum serviço semelhante. Uma vida cheia de amor ardente, exercitado no conhecimento e na devoção a Deus, há de nos manifestar com clareza os nossos motivos em cada caso. Talvez, muitas vezes tenhamos de reconhecer que a nossa parcela de participação em alguma atividade, não passa de egoísmo.

Talvez alguém diga: Mas como devo agir quando da decisão face a uma pergunta que não diz respeito nem ao amor, nem à obediência? Eu, então, respondo: você deveria enunciar-me qualquer motivo para agir. Nesse caso, trata-se somente da sua própria vontade, quando é claro que você não pode sujeitar a sabedoria de Deus à Sua vontade. Nesse tipo de atitudes reside, igualmente, a razão de uma série de dificuldades, que Deus jamais há de resolver. Em casos dessa ordem, Ele, na Sua graça quer nos ensinar obediência e nos mostrar quanto tempo temos perdido, andando obstinados, em nossas próprias atividades. Porque " guiará os mansos retamente: e aos mansos ensinará o seu caminho " Salmos 25:9.

Lembre-se sempre de que a sabedoria de Deus quer nos guiar nas veredas da Sua vontade; quando, porém, nossa própria vontade estiver em ação, Deus não pode estar conosco. Isso é essencial. É o mistério da vida de Cristo.

Eu desconheço qualquer outro princípio do qual Deus possa fazer uso, embora ele possa nos perdoar e fazer com que todas as coisas concorram juntamente para o nosso bem. A tarefa do porteiro é ficar postado junto ao portão. Acontece que, enquanto ele cumpre com essa sua obrigação, ele faz a vontade do seu Senhor. Podemos estar certos de que Deus faz mais "em" nós, do que nós "para" Ele. Nós somente fazemos algo para ele, quando Ele o houver operado em nós.

Autor: John Nelson Darby
Extraído do Livreto ”Como conhecer a vontade do Pai” John Nelson Darby – DLC
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| O Divino Legado da Paz | Por Horatius


| O Divino Legado da Paz |
Por Horatius Bonar


“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá”. (Jo 14:27).

Certamente “ninguém jamais falou como este homem!” Os homens bem podiam se maravilhar das “palavras graciosas que vinham de seus lábios”. A graça brotava de Seus lábios, e de Seus lábios a graça fluía para os filhos dos homens. Ele tinha a língua de erudito, para que pudesse falar palavras a seu tempo ao cansado (Is 50:4); e abençoadas eram as palavras que falou aos tais.
Nunca ninguém entrou tão profunda e ternamente em nossos sentimentos, prevendo, com Suas palavras de compaixão e consolação, cada tristeza e necessidade! Que amor há aqui! Que cuidado e simpatia! Que majestade também! Pois somente aquele que sabia ter vindo de Deus e estar voltando para Deus, e que Ele mesmo era a infinita fonte da paz, poderia dizer: “Deixo-vos a paz”. As palavras proferidas aqui são certamente a segurança para nós do amor e poder do promitente. Ele também é capaz para cumprir. As palavras ainda são frescas e novas. Elas jamais poderão envelhecer; pois Aquele que as proferiu é o mesmo “ontem, hoje, e sempre”. Elas foram ditas a nós nestes últimos dias tão verdadeiramente como foram nas eras passadas. Cristo se referia a nós quando as proferiu. Notemos aqui: (a) a herança; (b) o dom; (c) o contraste; (d) a consolação.

a) A herança. “Deixo-vos a paz”. Esta é a divisão de bens de alguém que estava para partir. Ele mesmo estava se despedindo, mas não levaria Sua paz embora Consigo. Ele a trouxe quando veio (“paz na terra”), e a deixa para trás como uma relíquia celestial. Sua presença havia sido a fonte de paz para eles e Sua ausência não devia seca-la. Aquela fonte permaneceria a mesma. Presente ou ausente, distante ou perto, na terra ou no céu, Ele ainda seria o fundamento de paz para eles. O mundo seria um vazio sem Ele, mas Ele deixava para trás uma paz que animaria e alegraria. Não era tudo o que tinham quando Ele estava com eles, nem era tudo o que deveriam ter quando Ele retornou, mas ainda era muito, o suficiente para confortar, abençoar e derramar luz sobre a escuridão de seus caminhos. No mundo haveria tribulação, nEle paz. A paz de Deus devia prevalecer em seus corações. Deviam permanecer em paz e ter paz dentro de si.

b) O dom. “A minha paz vos dou”. Evidentemente isso é algo adicional à condição anterior. A paz não é algo meramente deixado, mas positivamente dado: “Dou”. Não é emprestado ou vendido, mas dado; é o dom do próprio Cristo, gratuito e incondicional. Sua paz é como Ele mesmo, um presente para nós; espontâneo, que não se pode comprar, imerecido. Contudo a expressão notável aqui é, “a minha paz”, a paz do próprio Cristo, totalmente peculiar, que transcende em natureza e em plenitude qualquer outra paz. O que foi então a paz de Cristo?

1. Foi a paz de uma consciência na qual jamais repousou a sombra de um sentimento de culpa. Foi preeminentemente “uma boa consciência”, uma consciência isenta de ofensa. De onde vem nossa falta de paz? De um sentimento de culpa na consciência. É uma má consciência que nos perturba. A mínima partícula ou sombra de culpa quebra nossa paz. Já em Jesus havia a perfeição de uma boa consciência. Nenhuma sombra sequer jamais repousou ali. É um pensamento abençoado que existiu uma vez aqui, um homem como nós, cuja consciência nunca foi tocada com a mais leve mancha de culpa; que nunca teve de se arrepender de um pensamento, ou revogar uma palavra, ou desejar não ter feito uma ação. A paz que Ele possuía era profunda, mesmo em meio a um mundo tempestuoso. É nesta profunda paz de consciência que Ele nos guiaria. Daquela verdadeira paz Ele nos faria participantes. O resultado de nosso “receber” a Ele, ou “crer em Seu Nome”, é de conduzir-nos ao mesmo estado de consciência e àquele mesmo tipo de paz que Aquele que não conheceu pecado possuía. Nossos vasos, são de fato pequenos e podem conter pouco, o dEle era grande e podia conter muito, mas o tipo ou qualidade daquela paz que os enche é a mesma. Ele fez a paz pelo Seu sangue na cruz, Ele é de fato a nossa paz e, logo que somos levados a saber disso e a toma-Lo como nossa paz, somos feitos participantes não meramente da paz, mas daquilo que Ele chama de “a minha paz”.

2. Foi a paz de alguém inteiramente obediente à vontade do Pai. Foi para fazer essa vontade que Ele veio. Sua vida era faze-la: “Me deleito em fazer a tua vontade, meu Deus”, “Seja feita a tua vontade e não a minha”. Como em toda obediência há paz, assim na obediência a tal vontade, da parte de um ser como o Filho, deve ter havido uma paz que ultrapassa todo entendimento, uma paz completamente infinita, uma paz proporcionada para a totalidade e perfeição da obediência. Tal obediência jamais fora prestada antes e tal paz jamais foi possuída, nem na terra nem no céu, por homem ou anjo. É a esta paz que Ele nos guia: a paz perfeita e profunda, a paz que não provém nem é proporcionada à nossa obediência, mas à dEle; a paz da qual a Sua obediência ao Pai é, ao mesmo tempo, o fundamento e a medida.

3. Foi a paz de alguém cuja peculiar constituição da personalidade o fez participante de uma paz peculiar. Ele era “a Palavra que se fez carne”; Filho de Deus e Filho do homem. Como tal, Ele era um vaso de dimensões infinitas, capaz de conter uma paz tal que ninguém jamais poderia conter. Neste vaso de infinita capacidade toda a plenitude da paz foi depositada pelo Pai, e fora deste vaso esta paz é depositada em nós, não com a mesma amplitude, mas no obstante proporcionalmente à nossa capacidade. É da paz divina do Deus-homem que somos feitos participantes. Que paz há como esta? Como as uvas de Escol eram de delicadeza peculiar, os cedros do Líbano de beleza peculiar, os jardins de Salomão de fertilidade e fragrância peculiares, assim era esta paz que enchia o Cristo de Deus peculiarmente excelente, e dessa paz peculiar Ele dá a promessa aos santos, “A minha paz vos dou”.

4. Foi a paz de alguém cujo relacionamento com o Pai o fez possuidor da paz peculiar. Há algo na paz filial, a paz de um filho resultante da conexão entre seu pai e ele mesmo e de sua própria posição peculiar na casa, a qual não pode ser muito bem descrita. Quanto mais é esta verdade da paz dEle que é o Filho Unigênito de Deus? Sua deve ter sido a paz tão especial quanto infinita, a paz depositada no seio do Filho amado pelo próprio Pai. Essa não é a paz de um servo ou de um amigo, mas a paz de um Filho, e que Filho! Essa paz divina e filial, a paz do Unigênito do Pai, Ele a transfere a nós como Seu dom gratuito: “A minha paz vos dou”. E isso tudo se torna mais verdadeiro e abençoado quando aqueles a quem Ele dá a paz são os próprios filhos de Deus! O Pai deposita uma paz especial de Seu seio paternal no seio de Seu Filho amado; e esse Filho deposita essa paz especial no seio daqueles que são participante de Sua filiação, os verdadeiros filhos de Deus!

5. Foi uma paz que jamais poderia ser destruída. A paz é como Ele mesmo, e como Aquele de quem Ele a recebe, eterna e imutável. Esta paz é participante de Seu caráter como alguém eterno, o mesmo ontem, hoje e para sempre. É a paz iniciada agora, dada aqui mesmo, é a paz a ser perpetuada no reino eterno, paz sem fim, interrupção ou mudança para sempre.

Assim é o dom de Cristo para os seus! É precioso, perfeito e divino. É como Ele mesmo. É uma paz que ultrapassa todo entendimento. Que tesouro para a terra! Que penhor de abundante riqueza armazenada para nós quando Ele vier novamente. Por maior que seja a paz que Ele dá agora ela é nada para a paz reservada para nós no futuro. Ele a dá aos Seus, e propõe a todos os homens que se acheguem para se tornarem dEle! “Vinde a mim e lhes darei descanso”, é Sua primeira mensagem; e a segunda é como esta, “A minha paz vos dou”.

c) O contraste. “Eu não vo-la dou como o mundo a dá”. Em todos os aspectos há um contraste entre Cristo e o mundo, com nenhuma semelhança ou simpatia. Mas não é dEle mesmo que Ele fala aqui, mas de Seus dons e maneira de dar. A paz de Cristo e a do mundo são opostas; assim são o Seu dar e o do mundo.
Quanto à paz:
1. A paz de Cristo é perfeita, a do mundo é parcial e imperfeita, superficial e fraca. É e tem sido uma coisa pobre e escassa na melhor das hipóteses.

2. A paz de Cristo enriquece a consciência, a do mundo não. Ela alivia a consciência adormecida, mas isso é tudo. Ela intoxica, mas não dá descanso para o homem interior. Ela não é o resultado de uma consciência purificada ou pacificada.

3. A paz de Cristo é satisfatória, a do mundo é insatisfatória. A paz que vem de qualquer forma e de qualquer região deste mundo maligno não pode satisfazer. Não encontra nenhuma ânsia e desejo de nosso espírito, não alimenta nossa fome ou extingue nossa sede. Ela nos deixa tão vazios quanto antes. Ela fala de paz quando não há nenhuma.

4. A paz de Cristo é firme, a do mundo é oscilante. O mundo em si mesmo é instável e assim os são seus dons, especialmente o da paz. Essa é facilmente perturbada, facilmente quebrada, mudando constantemente.

5. A paz de Cristo é santa, a do mundo profana. A paz de Cristo é eterna, a do mundo cedo finda. Por mais longa, a paz do mundo é apenas para uma existência, mas raramente dura a metade, quando muito, mais geralmente um dia ou uma hora. Paz eterna é dom de Cristo!

Quanto ao dar:
1. O dar de Cristo é gratuito, nenhum dos dons do mundo é assim. Ele dá como se deu a si mesmo. O mundo barganha e vende.

2. O dar de Cristo é genuíno, o do mundo é fingido. O mundo nos deseja paz, essa é sua saudação diária, mas tudo é insincero. Cristo tenciona o que Ele diz quando nos deseja paz!

3. O dar de Cristo é voluntarioso. O mundo não tem prazer em dar; não é generoso e amoroso. Cristo dá como um Rei em total amor. Ele não censura.

4. O dar de Cristo é imediato; o do mundo é tardio. O mundo nos deixa esperando, Cristo não. Sua palavra é agora!

5. O dar de Cristo é irrevogável, o mundo freqüentemente toma de volta o que deu. Sua paz é certa, Ele não a revoga, nem a revogará para sempre.

Que vívido contraste! Pode alguém hesitar em escolher? Rejeitar a falsa paz do mundo e tomar a verdadeira paz de Cristo é uma das coisas mais razoáveis que pode ser proposta ao homem! Considere bem o contraste e aja adequadamente.

c) A consolação. “Não se turbe o vosso coração”. Existirão muitas coisas para perturbar e amedrontar neste mundo; um mundo onde tudo é ódio, inimizade e perseguição; mas contra tudo isso uma provisão foi feita e ela é a paz de Cristo. Sem dúvida Ele dá também outras coisas para os dias de provação – força, fé, esperança – mas é a Sua paz que é o antídoto especial, o preeminente sustentador e confortador nas horas difíceis.

É paz, e que paz! Ela conserva a alma firme quando a tempestade é furiosa. Ela nos faz sentir como se ocultos na concha da mão de Cristo, protegidos por Seu escudo, acolhidos em Seus braços. É luz nas trevas, é uma torre forte em meio ao assalto das hostes. Deixemos o mundo repreender ou perseguir, temos uma paz interior que satisfaz mais do que todas suas reprovações e perseguições. Deixemos o Anticristo e Satanás se enfurecerem, a paz interior divina nos mantém inalteráveis. Deixemos as dores físicas nos assaltarem, somos sustentados pela paz de Cristo. Nosso coração não está perturbado com ansiedade ou acusação, nem temerosos em meio à perseguição e injúria.

Com a paz de Cristo em nós e o próprio Cristo como companheiro ao nosso lado, vamos em frente em nossa peregrinação na possessão de uma paz celestial que nos preserva em perseverança e tranqüilidade, que nos faz invencíveis, mais do que vencedores, através dAquele que nos ama.

(Do livro “Estudos do Evangelho de João” [Studies in the Gospel of John])

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

| Olhe para Cima | Pelo Bispo H.C.G. Moule

Olhe para Cima Pelo Bispo H.C.G. Moule

“Elevo meus olhos para os montes: de onde virá o meu socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra”. (Salmos 121:1-2).
Qual era o pensamento do salmista Hebreu quando cantou, “elevo meus olhos para os montes?”. Os montes, que montes ele tinha em vista? Ele provavelmente referiu-se a maioria das montanhas sobre as quais encontra-se Jerusalém. Aqueles que têm visto Jerusalém, como eu tenho sido privilegiado de ver, percebem que ela é realmente uma cidade montanha. Vista do oeste e do leste ela está elevada nas alturas sobre os montes. Uma das mais profundas descidas no mundo, das regiões altas para o vale, é aquela de Jerusalém para o Mar Morto. Aquela decida foi a mais freqüentada estrada para as peregrinações rumo a Jerusalém. Uma subida não tão íngreme mas, ainda considerável, está colocada a oeste. Peregrinos que chegam da costa do mar, e sobem daí para Jerusalém, naturalmente elevam seus olhos para a longa cadeia de montanhas da Judéia, com o pensamento, “Lá situa-se a cidade santa”. O topo do monte das Oliveiras, se eleva um pouco além da cidade, mas faz parte essencial do amontoado no qual ela está colocada, é um dos mais grandiosos pontos de observação em todo o país. Estando lá você percebe como, a cada quarteirão, em uma ou outra posição, Jerusalém seria lembrada como a coroa montanhosa da terra do Senhor.
Então o Salmista, em seu senso de necessidade, olha mentalmente, se não com os seus olhos naturais, “em direção às montanhas”. Pois lá estava estabelecido o santuário do Senhor, o altar do Senhor, o trono do Senhor, o palácio do Senhor. Existia Sião, o monte da Cidade. Existia Moriá, o monte do Templo. Lá, visivelmente e solidamente sobre a terra, estava manifestado o maravilhoso espetáculo de memórias e misericórdias, o externo e visível sinal de todos os livramentos passados do Senhor, e uma garantia de todas Suas misericórdias futuras. A cidade sobre seus montes foi, por assim dizer, como um grande sacramento metropolitano da fidelidade do amor de Deus.
Dificilmente podemos imaginar até que ponto isto era verdade para o crente Judeu, especialmente nos dias após o cativeiro. Na realidade aquela maravilhosa Cidade e o Templo eram para ele algo apenas sacramental. Ele sabia que eles foram colocados lá não somente pela evolução da história humana, mas pelo desejo especial de Deus. Ele sabia que depois dos dias do exílio sob a expressa providência de Deus, em cumprimento a Sua própria Palavra, Israel tinha sido enviada de volta pelo rei Persa com o propósito de reconstruir o templo de Jeová como o ponto central da fé e adoração de Israel. Então quando ele olhou para as montanhas, para a cidade e o templo com seus pátios e altares, isto era para ele apenas a garantia edificada sobre a terra de que o Senhor no céu era verdadeiro e que Ele era fiel para com Sua promessa.
Assim então ele eleva seus olhos. E agora ele vai em frente para fazer sua pergunta, “De onde vem o meu socorro?”. Como o pensamento e a fé os fixam sobre estas montanhas ele volta por um momento para perguntar que outras direções eles poderiam tomar, que meio de socorro há em outra parte? Devo me voltar para o poder do mundo. Caldeu, Persa, Grego? Devo clamar aos deuses de suas adorações, os senhores dos seus céus? Não; o Deus de Sião, o Deus do monte Moriá, o Senhor da promessa do Pacto, Ele deve ser meu único recurso, minha paz e poder secretos. Então levantando bem sobre as montanhas para Aquele que elas representam, ele responde sua própria pergunta, “Meu socorro deve vir, sempre e onde quer que for necessário, do Senhor, o Criador do céu e da terra. E deve vir do fiel Criador, O qual, tendo edificado e ordenado Sua criação, agora maneja toda ela como o veículo da Sua vontade, como o executar da Sua benção, para o desamparado que se entrega aos Seus cuidados”.
Aqui, mais uma vez temos uma mensagem poderosa. Ler na luz solar do Evangelho fala direto ao coração do Cristão. O Cristão, membro de Cristo, toma este Salmo da velha Israel, e o reivindica para si mesmo. Você tem toda razão de fazer assim. Você é “na verdade um israelita”, se você pertence a Cristo, ao Messias. E você pertence a Ele se você lançou suas necessidades aos Seus pés. Nele, os Salmos são tudo para nós. Olhe para nosso verso, então, com sua certeza agora de “socorro”. Também estamos em urgente necessidade do socorro que o Salmista fala aqui. A palavra Hebraica interpretada como “socorro”, “ ezer”, expressamente significa uma ajuda que não é um mero resgate, nem mera proteção, mas é o dom de força. A palavra está relacionada aos pensamentos de cingir, firmar e tornar forte. De fato precisamos de proteção. Estamos em terrível necessidade, se nos encontramos fora de Cristo, do livramento de debaixo da iminente nuvem trovejante da culpa do pecado e da ira de Deus. Precisamos de tudo o que é gracioso, terno e protetor. Sim, mas precisamos mais. Precisamos viver, andar, testemunhar; temos que fazer e servir, se pertencemos ao nosso Rei. E assim precisamos de “socorro” na forma de força, um cingir da alma, uma capacitação da vontade. E para tudo isso também, devemos estar alertas e olhar para cima. Nunca devemos produzir tal “ajuda” de dentro de nós mesmo, nem devemos jamais o invocar das circunstâncias. Ele vem de cima; devemos elevar nossos olhos para os montes; o que precisamos deve vir em misericórdia do alto; sim, exclusivamente e completamente do Senhor, que fez o céu e a terra.
Estamos conscientes de tais necessidades? Então olhemos para algumas das gloriosas “montanhas”, que são símbolos e sinais da fidelidade do Senhor e da Sua presença. Olhemos primeiro para o literal, as montanhas geográficas. Recordemos daqueles montes da Judéia, com a Cidade que ainda se assenta nas suas cinza, desolada majestade acima daquele velho trono. Lá ainda está o monte Sião. Foi no monte Sião que o Filho do Homem, antes de sofrer, disse Suas últimas palavras de eterno consolo e boa esperança. Foi a cena do discurso da Páscoa e da instituição da preciosa Ceia, tão cheia das promessas de Deus. Então há uma outra montanha, “o monte verde muito distante”, o lugar onde o Cordeiro foi morto, onde o Senhor derramou Sua alma em um sacrifício pelo pecado. E toda as nossas bênçãos são garantidas e certificadas e seladas quando olhamos para aquela montanha e recordamos aquela magnífica obra consumada. Então há o Monte das Oliveiras, de cujos cumes ou cristas o Senhor ascendeu, depois da ressurreição, para o Seu trono, levando com Ele para o Céu todos os interesses do Seu povo e derramando sobre eles, do Céu, toda a plenitude do Seu Espírito. Deixemos nossos pensamentos saírem de Jerusalém e verem ao sul os montes pastoris onde se situa Belém. Contemplemos ali a verdade da Encarnação, “o Filho entregue”, Deus O fez um conosco. Contemplar nossa união com o Eterno; pois nós, pela fé, estamos unidos ao Homem Jesus Cristo, e Ele é um com o Pai, bendito Deus para sempre. Então olhamos de Jerusalém, ao norte, para Galiléia, e o olho da mente pode ver outro monte, o monte sobre o qual Jesus pronunciou Seu grande sermão de santidade e bem-aventurança aos Seus fiéis. Recordemos, com isso, a anônima “montanha na Galiléia”, onde os discípulos O encontraram após da ressurreição e Ele disse-lhes que todo poder Lhe foi dado no céu e na terra e que eles deviam ir e contar ao mundo sobre Ele e que Ele estaria com eles todos os dias até o fim.
Desta memorável e terrestre “montanha” a alma se vai, na luz da Palavra de Deus, para “os eternos montes acima dos céus”. Contemplemos aquela grande Cidade, a Jerusalém Celestial, “a mãe” de toda a verdadeira Israel de Deus. Contemplemos a Sião celestial onde o Cordeiro está em pé e a multidão em volta dEle tem o Nome de Seu Pai escrito em suas testas. Imaginar, com admiração e ação de graças, que a Palavra nos fala que, pertencendo a Cristo, já pertencemos àquele lugar. (Hb 12:22). Já podemos elevar nossos olhos para ele com uma sólida certeza de que seu Senhor é nosso e está conosco para abençoar e socorrer em toda necessidade. Devemos fazer uso do exemplo do Salmista? Devemos manter nossos olhos assim na direção das montanhas e na direção do Senhor o qual elas apontam? Qual é a sua necessidade bem agora? É a necessidade de uma consciência que ainda não encontrou paz? Aquela intranqüilidade da alma com relação ao perdão jaz fundo na raiz de muitas falhas na professa vida Cristã. Você quer então a segurança de que seus pecados estão perdoados por causa do Seu Nome? Não a procure no seu íntimo. “Eleve seus olhos para os montes”. Apressa-te para o Calvário, “suba a montanha terrível do Calvário” e no caminho para lá visite as ladeiras do Monte das Oliveiras, onde crescem as árvores do Getsêmani. Contemple ali a agonia do Senhor, onde Ele já provou o tremendo cálice que bebeu completamente no meio do dia seguinte, na Cruz. Há resposta para a sua necessidade. Ali o Senhor “consumou”, completou absolutamente Sua obra de expiação pelos nossos pecados. E agora Ele pede que você se lembre dEle como o Cordeiro expiatório, que foi morto. Porquanto Ele vive, Sua obra nunca poder ser desfeita. Você simplesmente está aos Seus pés? Então você não é rejeitado, nem poder ser; pois Ele tem dito as palavras: “Aquele que vem a Mim de modo nenhum lançarei fora”. Assim você é aceito. Por isso não somente olhe, mas descanse sobre aquele monte.
Se conhecemos Jesus Cristo pela fé, já estamos, no Espírito, naquele “grandíssimo e alto monte”, na Cidade Celestial onde Ele está, “nos lugares celestiais em Cristo Jesus ”. Estamos lá e Ele está aqui. Estamos com Ele e Ele está conosco, o mesmo fiel Criador “que fez o céu e a terra”, e que nos fez, corpo, alma e espírito. Ele conhece nossa necessidade. Ele está perfeitamente consciente de que só Ele é o bastante para satisfaze-la. E Ele tem prazer no apelo de nossa fraqueza e da nossa fé. “De onde deve vir meu socorro, Senhor?”. “Senhor, para quem mais irei?”. Olho para cima e vejo a Ti. Tu és suficiente e eu sou forte em Ti.
“É suficiente, meu Senhor, suficiente mesmo. Minha força está em Tua força, somente na Tua força”.
Do livro “Thy Keeper” (Teu Protetor).

| A Vida pelo Espírito (Romanos 8:1-11) | Pelo Bispo H.C.G.Moule

A Vida pelo Espírito (Romanos 8:1-11) Pelo Bispo H.C.G.Moule

O Nome do Espírito Santo, ‘o Senhor, o Doador da vida’, é desconhecido em Romanos capítulo sete, mas aqui, no capítulo oito, o fato e o poder do Espírito Santo estão presentes em todo lugar. Aqui encontramos o segredo para calar a luta que nossas almas conhecem tão bem. Aqui está o modo de andar e agradar a Deus (I Ts 4:1) em nossas vidas justificadas. Aqui está a forma, não para ser como eram as vítimas do corpo e os escravos da carne, mas para ‘fazer morrer as práticas do corpo’ em um exercício contínuo do poder interior, e para ‘andar no Espírito’. Eis aqui o recurso no qual podemos estar para sempre alegremente pagando ‘o preço’ de tal caminhar; dando ao nosso redentor e Senhor Seu direito, o valor de Sua compra, mesmo a nossa vontade, amando render-se, no poder todo suficiente do ‘Espírito Santo dado a nós’.Já ouvimos do Espírito Santo em nossa vida Cristã (Rm 5:5 e 7:6). A água celestial foi vista e ouvida em seu fluir; assim como em uma região de pedra calcária o viajante vê e ouve, através das fissuras nos campos, as águas correntes encobertas, mas vivas. Mas aqui a verdade do Espírito, como tais correntes de águas que por fim encontram saída em algum rochedo acidentado, precipita-se para a luz e anima toda o cenário. Nesta seqüência e tipo de tratamento há uma lição espiritual e também prática. Certamente somos lembrados de que de certa forma possuímos o Espírito Santo em Sua plenitude desde a primeira hora da nossa possessão de Cristo. Somos também lembrados de que é no mínimo possível que precisemos disso para perceber e usar a nossa possessão do pacto para que a vida possa ser desde então uma nova experiência de liberdade e santa alegria. Somos lembrados de que este ‘novo começo’ é novo antes para nós do que para o Senhor. A água esteve correndo todo o tempo sob a rocha. O discernimento e fé, concedidos por Sua graça, não a invocaram do alto, mas ela esteve no interior, liberando aquilo que ali se encontrava.A lição prática disto é importante para o pastor e professor Cristão. Por um lado, permite a ele fazer muito, da revelação do Espírito, em suas instruções pública e privada. Permite-lhe não deixar lugar, na medida do possível, para dúvida ou esquecimento na mente de seus amigos sobre a absoluta necessidade da plenitude da presença e poder do Santo Espírito, se a vida é de fato Cristã. Fá-lo descrever tão corajosa e plenamente quanto a Palavra descreve o que a vida deve ser e onde habita aquela sagrada plenitude; quão segura, quão feliz, quão serviçal, quão pura, livre e forte; quão celestial, quão prática, quão humilde. Permite-o convencer todo aquele que ainda precisa aprender a conhecer tudo isto em sua própria experiência, clamando sobre seus joelhos pelo dom poderoso de Deus. Por outro lado, o faz ser cuidadoso para não exagerar em sua teoria e prescrever muito rigidamente os métodos de experiência. Nem todos os crentes falham nas primeiras horas da sua fé em perceber e usar a plenitude do que a Aliança lhes dá; e onde aquela compreensão chega depois de nosso primeiro vislumbre de Cristo, como acontece com muitos de nós ela de fato chega, nem sempre é a mesma experiência e ação. Para um é uma memorável crise, um Pentecostes privado. Outro desperta como que de um sono e encontra o inesperado tesouro ao seu alcance, escondido dele até então por nada mais espesso do que sombras. E outro está tão atento que de qualquer maneira usa a Presença e Poder como não usou há um momento atrás, ele cruzou uma fronteira, mas não sabe quando.Em todos estes casos o crente possui o grande dom todo o tempo. Na aliança, em Cristo, ele era seu. Assim que avançou pela penitente fé no Senhor pisou sobre solo que, é maravilhoso dizer, era todo seu. E sob ele corre, naquele momento, o Rio de Águas Vivas. Ele apenas teve que descobrir, extrair, e aplicar.Mais uma vez, o relacionamento entre nossa possessão de Cristo e nossa possessão do Espírito Santo que acabamos de mencionar é um assunto de máxima importância, espiritual e prática, apresentada proeminentemente nesta passagem. Ao longo dela, quando a lemos, encontramos inextricavelmente ligadas as verdades do Espírito e do Filho. “A lei do Espírito de vida” está ligada a “Cristo Jesus”. O Filho de Deus foi enviado para tomar nossa carne, para morrer como nossa Oferta pelo pecado, a fim de podermos “andar no Espírito”. “O Espírito de Deus” é “o Espírito de Cristo”. A presença do Espírito de Cristo é tal que, onde Ele habita, “Cristo está em vós”. Aqui lemos ao mesmo tempo uma advertência, e uma verdade da mais rica benção positiva. Somos admoestados a lembrar que não há um “Evangelho do Espírito” à parte. Nem por um momento devemos avançar, como aconteceu, do Senhor Jesus Cristo para uma mais alta ou mais profunda região governada pelo Espírito Santo. Todas as razões, métodos e assuntos da obra do Espírito Santo estão eterna e organicamente conectadas com o Filho de Deus. Somente O temos porque Cristo morreu. Temos vida porque Ele nos ajuntou ao Cristo vivo. Nossa prova experimental de Sua plenitude é que Cristo é tudo para nós, e devemos estar em guarda contra qualquer exposição de Sua obra e glória que possa por um momento excluir estes fatos. Mas não devemos somente estar alertas; devemos nos regozijar na idéia de que a poderosa e infindável obra do Espírito está para sempre completa sob aquele campo sagrado, Cristo Jesus. E todos os dias devemos fazer uso do interno Doador de Vida para fazer por nós a Sua própria e característica obra; para nos mostrar “nosso Rei em Sua beleza”, e ‘encher com Ele nossa fonte de pensamento e vontade’.Extraído do comentário do Bispo Moule sobre “A Epístola aos Romanos”.

| A Glória | Por Horatius Bonar


A Glória Por Horatius Bonar

A glória é nossa herança. O melhor, o mais rico, o mais esplendoroso e o mais belo de tudo que está em Deus, do melhor e rico, esplêndido e belo, deve ser nosso. A glória que enche acima o céu, a glória que se estende em baixo sobre a terra, deve ser nossa. Mas enquanto a glória do terrenal deve ser nossa, também em um sentido verdadeiro a glória do celestial deve ser nossa. Pela fé já tomamos nosso lugar no meio das coisas celestiais, “e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus ” (Ef 2:6). Deste modo já reivindicamos o celestial como nossa posse; e tendo ressuscitado com Cristo, “pensamos nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3:2). O domínio da grande extensão deve ser nosso; com todas as variadas sombras e tipos de glórias devemos estar rodeados, órbita além de órbita estende-se sobre o universo; mas é a glória celestial que é tão verdadeiramente nossa, como redimidos e ressuscitados; e no meio daquela glória celestial deve estar a mansão da família, a morada e palácio da igreja, nosso verdadeiro lar pela eternidade.
Tudo que nos espera é glorioso. Há uma herança e é “uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós” (I Pe 1:4). Há um descanso, um repouso sabático em reserva para nós (Hb 4:9). O reino que reivindicamos é um reino glorioso. A coroa que estamos para usar é uma coroa gloriosa. A cidade da nossa habitação é uma cidade gloriosa. As vestes que devemos nos vestir são vestes “para glória e ornamento”. Nossos corpos devem ser corpos gloriosos, formados conforme a semelhança do “corpo glorioso” de Cristo (Fp 3:21). Nosso convívio deve ser aquele do glorificado. Nossas canções devem ser canções de glória. E da região na qual estamos é dito, “a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21:23).
A esperança desta glória nos enche de alegria. De debaixo do manto da noite contemplamos estas cenas de bem-aventuranças prometidas, e somos confortados. Nossos pensamentos sombrios são suavizados, mesmo quando não são inteiramente luminosos. Pois o dia está próximo e a alegria está perto e a batalha está terminando e as lágrimas serão enxugadas e a vergonha desaparecerá na glória e “seremos apresentados irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória”.
Então o fruto da paciência e da fé aparecerá e a esperança, que por tanto tempo temos agarrado, não nos envergonhará. Então triunfaremos e glorificaremos. Então seremos vingados da morte da dor e da enfermidade. Então toda ferida será mais do que curada. O Egito não nos escravizará mais. A Babilônia não nos levará mais cativos. O Mar Vermelho está cruzado, o deserto é passado, o Jordão ficou para trás de nós e estamos em Jerusalém! Não há mais maldição, não há mais noite. O tabernáculo de Deus está conosco; naquele tabernáculo Ele habita, e nós habitamos com Ele.
É “o Deus de toda graça” quem “nos chamou para sua glória eterna por Jesus Cristo”. É, “quando aparecer o Sumo Pastor, que alcançaremos a incorruptível coroa da glória”, e “depois de havermos sofrido um pouco”, e pelos sofrimentos termos sido “aperfeiçoados, confirmados, fortificados e fortalecidos” (I Pe 5:4,10). O sofrimento não é desperdício para nós, ele nos prepara para a glória. E a esperança daquela glória, assim como o conhecimento da disciplina pela qual estamos passando e do processo de preparação contínua em nós, nos sustenta; nos ensina para a “glória na tribulação”. Isto é conforto, isto é felicidade. Estranho aos olhos do mundo, mas não aos nossos. Tudo o que o mundo tem é nada mais que uma pobre imitação de felicidade e consolação; a nossa é real, mesmo agora; quanto mais futuramente! Nem um breve atraso e um dolorido conflito diminuirão o peso da vinda da glória; eles se juntarão a ela; e vale a pena esperar por ela, vale a pena sofrer por ela, vale a pena lutar por ela. É tão certa a sua vinda e tão abençoada quando vier.
“A maior parte da glória,” disse Howe, “ainda está em reserva; nós ainda não somos tão elevados como os mais elevados céus.” Tudo isto está pairando sobre nós, nos convidando, nos inspirando, nos libertando das coisas presentes, para que a dor da perda, ou enfermidade, ou privação, venha sobre nós mais suavemente e vise nos fazer menos presunçosos e rápidos, mais inteiramente cuidadosos.
“Que eles vejam a minha glória,” o Senhor rogou pelos seus. Esta é a essência de tudo. Haverá outras glórias, como temos visto; mas esta é a essência de todas. É a mais genuína que certamente “o Senhor da glória” poderia pedir para eles. Pedindo isso Ele não pediria nada mais; Ele não poderia ir mais alem. E a nossa resposta a isso é, “Deixa me ver sua glória;” sim, e a feliz confiança na qual descansamos é esta: “Quanto a mim, contemplarei a Tua face na justiça; eu me satisfarei da Tua semelhança quando acordar.” Esta é a nossa ambição. Ambição abençoada e divina na qual não há vaidade, nem presunção nem abuso! Nada mais nada menos pode satisfazer do que a mais direta e mais completa visão da glória encarnada. O auto-esvaziamento diante da Infinita Majestade, e a consciência de ser completamente indigno até mesmo de uma posição de servo, contudo sentimos como que atraídos irresistivelmente para o mais íntimo círculo e centro de satisfação com nada mais nada menos do que a plenitude dEle que cumpre tudo em todos.
“E eu lhes dei a glória que a mim me deste.” (Jo 17:22). Nada mais nada menos do que isso, tanto em qualidade como em quantidade, é a glória em reserva, de acordo com a promessa do Senhor. A glória dada a Ele, Ele transferiu a nós! “Fomos feitos participantes de Cristo,” e tudo o que Ele tem é nosso. Ele disse, “Eu lhes dei”, como se isso já fosse nosso pela Sua dádiva, tanto quanto precisamente era dEle pela dádiva do Pai. Ele a recebe do Pai somente com o propósito de imediatamente cedê-la a nós! Para que mesmo aqui possamos dizer, ‘Esta glória já é minha, e devo viver como alguém a quem pertence tal infinita glória'. “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória.” (II Co 3:18). Afligir-se ou desanimar é uma triste inconsistência em alguém que pode dizer, mesmo sob as mais dolorosas pressões, “tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em mim há de ser revelada.” Olhe para elas em si mesmas e elas as vezes parecem mesmo muito opressivas; coloque-as lado a lado com a glória eterna, e elas desaparecem.
Esta glória contém liberdade. Ela liberta aqueles que a possuem. A corrupção trouxe com ela cadeias e servidão; a glória traz com ela liberdade divina! Não é a liberdade que traz a glória; é a glória que traz a liberdade. Abençoada liberdade! Libertação de toda escravidão! Não somente da escravidão da corrupção, pecado e morte, mas da escravidão das aflições. Pois não é a aflição uma escravidão? Não são as suas cadeias severas e pesadas? Desta escravidão da tribulação a glória nos fez eternamente livres. É o último grilhão, salvo o do túmulo, que é tirado de nossos membros feridos, mas quando ele é quebrado, é quebrado para sempre! Oh esperada consumação! Oh jubilosa esperança! Oh bem-vindo dia, quando o Portador desta glória chegar e a voz for ouvida do céu, “Eis que faço novas todas as coisas”.
A peregrinação da igreja está quase concluída. Agora ela não é nada mais que uma peregrina visto que sua conclusão final se aproxima. O último estágio da sua jornada é o mais melancólico para ela. Seu caminho está posto entre as densas trevas que o mundo ainda tem experimentado. Parece como se fosse somente pelo vacilante inflamar da conflagração que pudéssemos agora conformar nosso caminho. É o soar dos reinos falidos que está nos conduzindo para frente. São os fragmentos dos tronos quebrados que caem sobre nosso caminho que nos asseguram que nossa rota é a única verdadeira e que seu fim está próximo, aquele fim, aquela manhã com suas canções; e naquela manhã, um reino; e naquele reino, a glória; e naquela glória, o descanso eterno, o sábado da eternidade.
Do livro “The Morning of Joy” (A Manhã de Alegria).

| A Origem da Cruz no Cristianismo |

A Origem da Cruz no Cristianismo

Venerar o Instrumento da Morte de Jesus? Por que o instrumento de madeira no qual Satanás destruí a vida humana do Senhor Jesus deveria ser venerado, adorado e designado como um sinal sobre o povo de Deus? Se um parente muito chegado, ou um amigo intimo fosse assassinado, guardaríamos a arma usada em ato tão vil? Iríamos venerar ou marcar sobre nós sua forma e sobre todos os que amavam a vítima? Iríamos desenvolver algo tão doentio, que nos levasse a imaginar que não poderíamos lembrar do falecido a menos que colocássemos o maldito instrumento da sua morte diante dos nossos olhos? Seria possível o instrumento nos fazer esquecer o falecido? Poderíamos permitir que o instrumento que o matou o substituísse em nossa afeição? Poderíamos chegar até mesmo a adorar o instrumento em parte ou plenamente? Se alguém agisse dessa forma, certamente seria visto como acometido de loucura. Por que então, os homens cometem esta tolice no caso da cruz de Cristo? Se a intenção deles fosse celebrar a vitória de Satanás, tal conduta seria justificada; mas que outra base existe fora dessa? Algum outro motivo além do amor a Cristo deve ter originalmente preparado esta veneração da cruz, mas a explicação para tal só seria encontrada no costume Católico, depois que os homens tivessem sido ligado a ela (cruz) por meio da superstição. A Cruz vem do Paganismo A cruz foi conhecida nos cultos pagãos? Certamente que sim. Podemos encontrá-la nas relíquias dos Babilônios e Assírios; ela pode ser vista na mão dos maiores deuses Egípcios (na forma da cruz ansata). C. W. King comentou: É espantoso como os simbolismos dos Egípcios e os de segunda mão dos Indianos passaram a ser usados nos tempos subseqüentes. Desse modo, a mitra e o cajado em forma de gancho do (falso) deus, se tornou a mitra e báculo do bispo; o termo nun (freira) é puramente egípcio e tinha o mesmo significado atual: o oval ereto, símbolo do Principio Feminino da Natureza, se tornou a Vesica Piscis (Bexiga do Peixe) e uma figura para coisas Divinas; a Cruz Ansata, testificando a união do Principio do Macho e da Fêmea na forma mais obvia e indicando fecundidade e abundância, conforme é levada na mão do (falso) deus, é transformada por uma simples inversão no Globo encimado pela cruz e a insígnia da realeza (Os Gnósticos e Suas Relíquias, pg. 72). Veremos que ela sempre foi um objeto de veneração entre os Budistas; os Druidas a enfeitavam e atavam seu carvalho sagrado na forma de cruz; e os espanhóis ficaram surpresos quando a viram erigida e cultuada entre os nativos pagãos no México. E em toda parte o significado do símbolo era o mesmo: a vida e fecundidade, pois indicava a união dos sexos e era o grande símbolo do culto da Natureza. E este fato nos permite entender porque algumas vezes, tal como acontece entre os Budistas e Maniqueus, ela aparece como uma cruz brotando e florescendo. Da mesma podemos perceber a origem do tratamento dado a ela no Ofício Romano da Cruz: “Salve, ó Cruz, madeiro triunfal, verdadeira salvação do mundo, entre as árvores não existe nenhuma como tu em folha, flor e botão”. Na verdade, esta rapsódia foi colocada em versos pelos conspiradores de Oxford, para os membros da Igreja da Inglaterra, através das seguintes palavras: “Ó Cruz fiel, tu madeiro inigualável, floresta nenhuma pode produzir outra semelhante a ti, em folha, flor e botão. Doce é a madeira e doce o peso, e doce os cravos que em Ti penetram, ó doce madeiro”. Mas pior ainda é a outra forma em que ela aparece nos “Hinos Antigos e Modernos”, o Hinário mais popular da Igreja Estabelecida: “Cruz fiel, acima de todos os outros, o único Madeiro nobre; nenhuma se iguala a Ti na folhagem, no florescer e nos frutos; madeiro mais fragrante e cravos mais doces, peso mais suave é colocado sobre ti”. É possível acreditar que a Inglaterra aceite esse disparate sentimental pagão como cristianismo, e ainda mais no alvorecer do século vinte? O tempo realmente chegou para o cumprimento da profecia: “As trevas cobrirão a terra, e densas trevas os povos”. Sua introdução no Cristianismo Mas se a veneração da Cruz pelos cristãos parece anormal, e sabemos que o símbolo era um objeto de culto universal no mundo pagão, é possível encontrar algum exemplo histórico da sua transferência do paganismo para o cristianismo? Sobre isso a seguinte citação de Wilkinson pode trazer alguma luz, e mostrará, pelo menos, que eminentes autoridades tiveram vislumbres do fenômeno para a qual a atenção do leitor está sendo dirigida: “Outra cerimônia representada nos templos era a benção concedida pelos deuses sobre o rei, no momento em que ele assumia as rédeas do governo, Eles punham as mãos sobre ele e o presenteavam com o símbolo da vida (a Cruz Ansata), prometendo que seu reino desfrutaria de tranqüilidade, com certa vitória sobre seus inimigos; o rei recebia as boas-vindas (dos deuses) e também declarações apropriadas de aprovação; e por cima disso, em outras ocasiões, o tau (T) sagrado, ou o sinal da vida, era presenteado a ele, um símbolo que, com o centro de pureza, era geralmente colocado nas mãos dos deuses”. Estas duas coisas eram consideradas as maiores dádivas concedidas ao homem pela divindade... um fato marcante pode ser mencionado com respeito a esse sinal hieróglifo (o tau, ou cruz ansata) que os cristãos primitivos do Egito adotaram no lugar da cruz, fixando-a para inscrições, da mesma forma que a cruz nos tempos posteriores (Egípcios Antigos). Em outras palavras, eles continuaram a ver o tau (T) ou cruz ansata, mesmo depois de terem assumido o nome de cristão, exatamente como faziam quando eram pagãos reconhecidos. Entretanto, no decorrer do tempo, quando se fez necessário ocultar seu evidente paganismo debaixo de um grosso véu, eles mudaram a cruz ansata (T) para o formato mais comum da cruz. O significado era o mesmo, embora não o expressasse tão amplamente. Ajuntando todos os fatos que foram reunidos, explicamos a origem da veneração da cruz: 1. O símbolo era um objeto de adoração no culto pagão à natureza, como símbolo da vida 2. Sua forma geralmente se assemelhava à cruz onde os escravos e os que não tinham cidadania Romana eram executados; 3. Aproveitando essa coincidência, Satanás efetuou a morte do Senhor Jesus por meio da cruz, pois o seu propósito era empurrar para dentro do cristianismo um símbolo tão depravado e ídolo do paganismo.No terrível momento de Sua morte, parece que nosso Senhor Se submeteu ao poder de Satanás, conforme a predeterminação do conselho de Deus. Certamente esse é o significado das Suas palavras àqueles que O prenderam: “Esta é a vossa hora e o poder das trevas” (Lc 22:53); isto é, “esta é a hora destinada pelo decreto de Deus para a realização da vossa obra; pois a multidão que vejo diante de Mim é dirigida pelo Poder das Trevas, que agora deve ter seu triunfo passageiro”. E tudo indica que a decisão de Satanás em usar ao máximo o poder colocado em suas mãos, como ele fez no caso de Jó, foi o que selou sua condenação. Pois, quando o Senhor indicou que a hora dos Seus sofrimentos e morte havia chegado. Ele disse: “Agora é o juízo deste mundo. Agora o príncipe deste mundo será lançado fora” (Jo 12:27-33). Assim o Diabo forneceu aos convertidos pagãos uma desculpa para continuarem com um culto favorito: a antiga veneração que eles dedicavam ao símbolo da vida (T), levando-os a negligenciar o seu reaparecimento absurdo como cruz entre os cristãos. O que se pretendia com essa introdução é evidente: o alvo era corromper a fé e materializar aquilo que deveria ser exclusivamente de caráter espiritual. Portanto, venerar a cruz é puro paganismo! Aquele que sofreu sobre a cruz por amor de nós é Quem deve ser venerado, adorado, cultuado e servido de todo o nosso coração, e alma, e força!Entretanto, se formos insultados com as mesmas circunstâncias vergonhosas da Sua morte, devemos estar dispostos a participar do Seu opróbrio, e nos tornamos semelhantes a Ele como a escória do mundo e lixo de todas as coisas, e a clamar com Seu Apostolo: “Nos gloriamos na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo!” Mas se nos apresentarem a forma da cruz de madeira, só podemos responder como Paulo teria feito: É o madeiro maldito e símbolo da superstição! Autor: G. H. Pember

| Nada Era Dele |

Nada Era Dele

Disse um poeta um dia, fazendo referência ao mestre amado:
“O berço que Ele usou na estrebaria, por acaso era dEle?ERA EMPRESTADO!
E o manso jumentinho, em que, em Jerusalém, chegou montado e palmas recebeu pelo caminho? Por acaso era dEle?ERA EMPRESTADO!
E o pão, o suave pão, que foi, por seu amor, multiplicado, alimentando toda a multidão – por acaso era dEle?ERA EMPRESTADO!
E os peixes que comeu, junto ao lago e ficou alimentado, esse prato era Seu?ERA EMPRESTADO!
E o famoso barquinho? Aquele em que ficou sentado, mostrando à multidão qual o caminho, por acaso era dEle?ERA EMPRESTADO!
E o quarto em que ceou ao lado dos discípulos, ao lado de Judas que o traiu, de Pedro que o negou, por acaso era dEle?ERA EMPRESTADO!
E o berço tumular, que depois do calvário foi usado e de onde havia de ressuscitar, o túmulo era dEle?ERA EMPRESTADO!
Enfim, NADA ERA DELE!Mas a coroa que Ele usou na Cruz, E a Cruz que carregou e onde morreu, Essas eram, de fato de JESUS!
Isso disse um poeta, certo dia, numa hora de busca da verdade;Mas não aceito essa filosofia que contraria a própria realidade...O berço, o jumentinho e o suave pão,Eram dEle a partir da criação,Ele os criou – assim diz a escritura ...
Mas a Cruz que ele usou, a rude Cruz, A Cruz negra e mesquinha, onde meus crimes todos expiou,Essa não era Sua – ESSA CRUZ ERA MINHA! Autor: Gióia Junior

| O Fruto da Vida Crucificada | Por Gordon Watt

O Fruto da Vida Crucificada Por Gordon Watt

“Do resplendor da glória,
Disse-lhes: Ide;
Curai enfermos e purificai leprosos ,
Ressuscitai mortos.
Livremente vos concedo o tesouro,
Não vos provereis de ouro nem de prata,
Levem meu Nome'”.
O alvo de nosso Senhor para cada um de Seus discípulos é uma vida frutífera: “Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto, e assim vos tornareis meus discípulos” (João 15:8).
Paulo nos dá o segredo de tal experiência nestas palavras aos Gálatas: “Estou crucificado com Cristo: não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em mim”.
O que produz fruto? Na natureza é a vida da árvore fluindo dentro de cada ramo ou graveto. No caráter Cristão, qual é sua fonte? “Sem Mim nada podeis fazer”. Uma das grandes necessidades na vida Cristã é compreender que isto é literalmente verdadeiro. O fruto na esfera do discipulado Cristão não vem através do desenvolvimento físico ou natural. Tampouco é o resultado de energia corporal, poderes mentais, ou atração pessoal. O Dr. Andrew Murray escreveu, “Ninguém sabe o que é fruto até que aprenda a morrer para tudo o que é meramente humano”. Esta é uma grande declaração, corta bem na raiz de todo nosso trabalho e orgulho em nossa obra. Quão difícil é morrer para a dependência de nossos próprios intelectos, ou para o orgulho em nossas habilidades, ou para nossa reputação, ou para nosso desejo natural pelo sucesso, ou para nossos próprios planos! Mas o fruto vem quando estamos dispostos a que tudo isso vá para a Cruz, enquanto Cristo se torna tudo e dependemos inteiramente do Espírito Santo a cada palavra que falamos, cada obra que fazemos, e cada rumo que tomamos na vida.
Um governante oficial na Índia, que estava envolvido na obra de irrigação, veio até o proprietário de um campo e disse a ele que o tornaria frutífero. Então o proprietário respondeu, “Você não precisa tentar fazer alguma coisa com o meu campo; ele é árido e não produz nada”. O oficial replicou, “Posso fazer seu campo tornar-se ricamente frutífero se ele somente for baixo o suficiente”. Se você e eu estivermos dispostos a descer, descer, descer, Cristo nos encherá com aquilo que trará fruto. A fonte do fruto na vida do crente não é ele mesmo, mas Cristo, e a condução para o ponto onde é possível frutificar para Deus, Paulo afirma alguns grandes fatos. O primeiro é, “Eu estou crucificado com Cristo”. O “eu” representa a vida do ego, e deve ser tratado para que o fruto para Deus seja formado. Não podemos vincular a vida Cristã com a natureza Adâmica, isto é claramente afirmado pelo apóstolo, “Pois sabemos isto, que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo” (Romanos 6:6). Deste fato Paulo nos dá a confirmação em sua própria experiência, “Estou crucificado com Cristo”. Não enxergamos o que é preciso ser feito? A Cruz de Cristo se tornar a nossa cruz. Através da Cruz compartilhamos com Cristo a morte para tudo aquilo em nós que se opõe a Deus, a Sua vontade, ao Seu propósito e Seu poder, tudo em nós que mostra a mancha do pecado e traz em si a marca da Queda.
Não somente a má natureza humana deve ser tratada, mas também a boa natureza humana, que tanto considera seus próprios méritos e roubaria o lugar que Cristo deve ter em nossos atos e pensamentos. Sempre que consinto em compartilhar a Cruz de Cristo e permito que seu significado seja trabalhado em mim, tanto em relação ao bem quanto ao mau em minha natureza humana, o caminho se abre para que a vida de Cristo flua. Pois, ao tomarmos e mantermos a atitude de morte para cada imposição de nossa vida própria e ataque do Satanás, concedemos ao Espírito Santo a oportunidade de trazer em nós a vida de Cristo, nos libertando da lei do pecado e da morte. Cristo e eu estamos co-crucificados. Porém essa co-crucificação não é a meta da vida que produz fruto. É o ponto de partida, o ponto focal da experiência Cristã, e assim que chegamos lá vemos todas as outras verdades de Deus repousando em seus lugares certos em perfeita harmonia.
E então? “Eu vivo”. Este é o interessante paradoxo estabelecido por Paulo: “Estou crucificado... contudo vivo eu”. A co-crucificação com Cristo não gera uma máquina religiosa. Eu vivo. Um novo ‘eu', avivado pelo Espírito Santo, ressuscitado com Cristo, assentado com Ele nas regiões celestiais; como Ellicott coloca em seu comentário, “O fato é que vivo num sentido mais verdadeiro do que nunca”. Vivo mais intensamente porque morri com Cristo e as raízes de minha nova vida estão na Cruz, em contraste com a vida velha cujas raízes estão na natureza Adâmica.
E então? Um segundo paradoxo nos é dado pelo apóstolo. “Vivo, não mais eu”. Isto também é verdadeiro. A nascente e o centro da minha vida, sua fonte, seu poder sobre a velha natureza, sua força para o culto diário não estão em mim, “Estou crucificado com Cristo, não sou mais eu que vivo”. Qual é o centro, e a fonte? “Cristo vive em mim”. Eis o segredo de se adentrar na magnificência da salvação de Cristo, e se alguma vez cedermos à tentação de limitar o lugar de Cristo em nossas vidas, limitaremos nossa experiência da Sua graça redentora. Mas se Cristo está em mim e dou a Ele o Senhorio sobre meu ser, obedecendo-O tanto nas pequenas como nas grandes coisas, que vida é possível. Assim haverá poder para ser o que Deus deseja e precisa que sejamos. Existirá poder para que vivamos no mais alto e alcancemos o melhor na prática da vida diária.
Deus nunca fala conosco da forma como os homens falam uns com os outros. Deus nunca nos diz para sermos os arquitetos de nossas próprias vidas. O que Ele faz é nos mostrar Seu ideal e declarar que a tarefa permanente do crente, estabelecida na Palavra de Deus, é conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus , tornando cada verdade das Escrituras um fato compreendido e experimental. Oh, quão desprovida de poder é muito da nossa vida Cristã! Quão obtusas são as nossas imaginações sobre aquilo que Deus quer que sejamos! Que fraqueza de fé nos impede de reunirmos poderosas forças espirituais que podem nos ajudar a nos agarrarmos às riquezas e tesouros que existem em Cristo Jesus. Se ao menos acreditássemos que eles são possíveis para nós! Há um poder aqui para alcançar este ideal, para ganhar tais coisas, para viver gloriosamente para Deus, e esse poder é “Cristo vive em mim”. E aquilo que Cristo requer de nós Ele primeiramente providencia, pois um dos maiores axiomas da vida Cristã é tornar real em nós aquilo que já é verdadeiro para nós em Cristo. O segredo desta nova vida e a sua fonte é a Cruz. Cristo e a Cruz são inseparáveis. Somente na medida em que nos rendemos ao Espírito Santo para executar em nós a obra da Cruz é que Cristo julga possível tornar isto real. “Cristo vive em mim”, e sem a Cruz isto nunca pode ser verdadeiro.
Qual é então o resultado disso? “A vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus”, ou, como Conybeare coloca, “Minha vida exterior que ainda permanece, eu vivo pela fé do Filho de Deus”. Sejamos claros sobre essa questão. É o fruto de uma vida crucificada que Deus está procurando, não o fruto de uma vida natural, pois esta não pode produzir fruto para Deus. Não vamos confundir aquele fruto com bondade humana. Qualquer um, qualquer pagão, bárbaro ou homem do mundo pode viver uma bela vida natural na qual não precisa de Cristo e na qual ele não concede lugar algum para Cristo. Deus está procurando por algo muito diferente disto. Ele busca o fruto que permanece, fruto de caráter que testifica o poder de Seu Filho, fruto através do qual Ele possa alimentar as nações. Somente uma vida crucificada é capaz de produzi-lo. Ouçamos Paulo, “Estou crucificado com Cristo; não sou mais eu que vivo, mas Cristo vive em mim”, esta é a triunfante asserção de um homem que foi até o lugar da morte com Cristo e ressuscitou. Vida ressurreta, o resultado da crucificação, é uma vida que por si só pode dar frutos para Deus.
Lembre-se, somente enquanto estamos em cooperação com Ele podemos dar frutos de uma vida crucificada. No momento em que virmos para a Cruz, tomando a atitude de nos dispormos para que o Espírito Santo opere em nós o propósito da morte de Cristo, tocamos o ponto de contato e tornamos possível a Ele entrar em uma aliança conosco, para que a verdadeira vida do crente, que é a vida de Cristo nele, esteja sempre renascendo da morte.
Do livro “The Cross in Faith and Conduct” (A Cruz na Fé e Conduta).